"Hoje em dia só vejo aldrabões à nossa volta", disse Salgado
O jornal i noticiou ontem que os cinco principais clãs da família Espírito Santo receberam cinco milhões de euros em comissões dos submarinos. Esta quinta-feira o mesmo jornal conta que houve uma sexta pessoa a beneficiar deste negócio e a receber uma percentagem da comissão paga pelos alemães, do German Submarine Consortium à Escom.
© Reuters
Economia Submarinos
A família Espírito Santo não é a única a estar envolvida no caso dos submarinos. Segundo informações apuradas pelo i, há uma sexta pessoa que também encaixou comissões dos submarinos, dos cerca de 30 milhões de euros que a Escom recebeu dos alemães.
A Escom recebeu uma comissão por serviços de consultadoria prestados ao consórcio alemão, mas não deu apenas os cinco milhões aos membros do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo. Ao que tudo indica, a 7 de novembro foi revelado que mais alguém teria beneficiado com este negócio.
Na altura, o presidente da Comissão Executiva do BES, Ricardo Salgado, revelou que os cinco clãs da família e os três gestores da Escom – Helder Bataglia, Pedro Ferreira Neto e Luís Horta e Costa – tinham recebido 15 milhões pagos pelo German Submarine Consortium. “Deram-nos cinco a nós e eles [administradores da Escom] guardaram 15”, contou.
Salgado adiantou-se imediatamente: “E vocês têm todo o direito de perguntar: mas como é que aqueles três tipos receberam 15 milhões?”. Ao que respondeu: “A informação que temos é que há uma parte que não é para eles. Não sei se é ou não é. Como hoje em dia só vejo aldrabões à nossa volta… Os tipos garantem que há uma parte que teve de ser entregue a alguém em determinado dia”.
Ou seja, as declarações de Salgado confirmam a tese do Ministério Público de que o montante pago pelos alemães à Escom é “desproporcional” e que a empresa do GES que fez a assessoria na negociação das contrapartidas dos submergíveis teria servido de intermediária para pagamentos ilícitos.
A ideia é de que os 30 milhões terão servido para pagar a pessoas que tinham influência para que conseguissem que o consórcio alemão vencesse o concurso dos submarinos.
No entender de Ricardo Salgado, a Escom preparava-se para fazer exatamente o mesmo com carros blindados, fragatas e metralhadoras, mas rapidamente se “arrependeram”.
E o que aconteceu aos 30 milhões? Ao que tudo indica 10 milhões terão servido para encargos com advogados e “pagamentos por fora”. Quanto ao resto do dinheiro, não resulta claro onde foi parar.
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