"O 'Dono Disto Tudo' tentou todos os truques para salvar o império"
O Expresso teve acesso a um artigo publicado pela revista Euromoney que fala sobre a 'dinastia' Espírito Santo, explicando que ?Salgado tentou todos os truques para salvar o seu império, mas descobriu que o regime português não podia ? ou não queria ? salvá-lo?.
© Reuters
Economia Ricardo Salgado
O colapso do Banco Espírito Santo faz a capa da edição de outubro da revista Euromoney que coloca como título: “A queda de uma dinastia – os últimos dias de Ricardo Salgado e do Banco Espírito Santo”, revela o Expresso que teve acesso à publicação.
A reportagem fala de um ambiente de “excitação” em Portugal durante o verão, mas também de “celebração” com a “queda dramática da coisa mais parecida com um oligarca que havia em Portugal, Ricardo Espírito Santo Silva Salgado, e com ele o desaparecimento do banco que leva o nome célebre da sua família através de 20 países”.
A revista fala do desaparecimento do BES como um momento de separação das águas para o país: o ponto de viragem em que o velho Portugal se tornou na nova Europa. “São dias especiais. Isto tem sido a coisa mais importante e melhor que nos aconteceu em anos”, disse um banqueiro à publicação.
“Um escândalo que a certa altura forçou Portugal para perigosamente perto do colapso sistémico”. É dessa forma que a reportagem classifica a descoberta dos valores que parecem estar em falta nas contas do grupo Espírito Santo e que levou à intervenção do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa no BES e por consequência, levou à separação em banco bom e banco mau, com a criação do Novo Banco.
No artigo lê-se que “nos círculos de elite em Lisboa, o colapso de Salgado é referido como o Madoff de Portugal” em que “à medida que alegações de fraude, evasão fiscal e lavagem de dinheiro redemoinham em torno de Salgado e do seu agora defunto império, há poucas lágrimas sobre a sua remoção súbita da banca portuguesa”.
O banqueiro nacional que falou à Euromoney disse ainda que “eles tinham tentáculos e conflitos em todo o lado, nas grandes empresas, na política, na administração pública. Eram muito próximos do Governo, qualquer governo, e assim estavam no mercado como o banco do sistema”.
Há ainda outro banqueiro de investimento português que disse: “O fim do Grupo Espírito Santo é a verdadeira reestruturação da economia portuguesa – é o que a troika não fez”.
Salgado, conhecido como 'Dono Disto Disto', ao que parece tinha vários contactos, vários amigos dos quais conhecia todos os seus segredos. “Eles tinham sempre alguma alavanca para puxar para conseguir um negócio. Eles sabiam onde os esqueletos estavam enterrados porque tinham ajudado a enterrá-los”.
A Euromoney conta ainda que, após a queda, "Salgado foi visto no glorioso Hotel Palácio, em Cascais, sozinho, com exceção dos guarda-costas com treino israelita para protegê-lo, não porque ele tema represálias de portugueses que foram à falência por causa dele, mas dos interesses angolanos que perderam em conjunto quatro mil milhões de euros na queda do BES".
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