Relativamente à fusão entre a PT e a Oi e a demissão do presidente da empresa brasielira, Zeinal Bava, o antigo líder do PSD, Marques Mendes afirmou que Zeinal Bava é um "gestor competente" e que não é a sua demissão que torna esta situação grave.
"É um caso de humilhação a todos os níveis. Portugal está a ser humilhado pelos brasileiros, está a ser 'carne para canhão'. Sei que os acionistas portugueses se colocaram a jeito, com a Rioforte, mas os acionistas brasileiros não podem tratar Portugal desta forma. Acho que é uma humilhação para a PT", referiu.
"A PT era uma empresa quase na Liga dos Campeões, agora parece de quarta divisão, descartável. É uma humilhação também para os acionistas. A PT era um centro de excelência, mas teve sempre uma dependência e uma relação de promiscuidade com o BES. Na prática era Ricardo Salgado que mandava e esta gente devia sentir um pouco de vergonha. Indigna-me porque não temos em Portugal muitas empresas de referência", acrescentou.
Ainda sobre uma possível intervenção do Estado no caso PT, Marques Mendes, indica que o "Governo devia ajudar a encontrar uma solução, não dizer, ajudar. Ainda é possível salvar alguma coisa", explicou.
Sobre o caso que tem feito correr tinta desde agosto, o caso BES, o conselheiro de Estado também foi perentório e ‘atacou’ o primeiro-ministro e a ministra das Finanças. Em causa, as declarações que os dois dirigentes fizeram esta semana admitindo que os contribuintes poderão sofrer perdas com a venda do Novo Banco – ao contrário do que tinham dito quando esta entidade foi criada.
"Quando em agosto houve a intervenção no BES toda a gente disse que não sobraria nada para os contribuintes e agora estão-se a contradizer. Em dois meses aconteceu algo de novo? Podemos levar a sério pessoas assim? Isto é criar um ruído desnecessário. É inoportuno e a oposição é que deve agradecer", atirou.
Sobre um possível prejuízo aos contribuintes, Marques Mendes acredita que tal não vai acontecer, defendendo que tal só acontecerá “se for preciso um aumento de capital".
O antigo líder do PSD fez ainda as suas projeções para o Orçamento do Estado para 2015, que está a decorrer desde a manhã de sábado, com uma pausa agora para jantar.
"Este é o primeiro orçamento em que a vida das pessoas vai melhorar um pouco. Não há agravamento de impostos e a previsão é que haja um crescimento de 1,5%", frisou.
"A previsão para a taxa de desemprego é de 13% ou 13,5%, abaixo deste ano. Quanto às pensões, é a primeira vez desde 2012 que os pensionistas não vão sofrer cortes. Os funcionários públicos vão sofrer cortes mais pequenos, com uma reposição de 20%. Já o IRC passa de 23 para 21%, por haver um acordo na coligação", explicou.
Na matéria do IRS, as coisas tornam-se mais difíceis porque a coligação "não se entende". "Poderá haver uma compensação de alguma redução do IRS com aumento no chamado imposto verde".
E o que é este imposto verde? Marques Mendes explicou que serve para taxar as "empresas mais poluentes, fixar um preço nos sacos de plástico e criar um imposto para os veículos com emissões de carbono".
"Será melhor que nos anos anteriores. Este é o primeiro orçamento depois da troika e é preciso dar um sinal positivo, mas o Governo está à defesa", concluiu.