"Punha já o Moedas a funcionar" pedia família Espírito Santo

Entre os meses agitados em que estavam prestes a serem descobertas as dívidas ocultas na Espírito Santo International (holding do Grupo Espírito Santo (GES), no Luxemburgo), no final de 2013, e o resgate do BES, no último verão, foram gravadas várias reuniões da família onde se discutiam as dificuldades do grupo. Numa das conversas um membro do Grupo Espírito Santo (GES) sugeriu envolver Carlos Moedas e Ricardo Salgado ligou de imediato para o então secretário de Estado.

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Notícias Ao Minuto
17/10/2014 18:29 ‧ 17/10/2014 por Notícias Ao Minuto

Economia

Revelação

“O Moedas, o Moedas! Eu punha já o Moedas a funcionar”, ouve-se pela voz do presidente do banco do grupo na Suíça, José Manuel Espírito Santo, numa das gravações a que o SOL teve acesso, das reuniões entre a família Espírito Santo para tentar que o grupo não afundasse.

Segundo o relato de Ricardo Salgado na gravação, Carlos Moedas disponibilizou-se para falar não apenas com o presidente da Caixa Geral de Depósitos, mas também com o ministro da Justiça luxemburguês. “Ele vai abrir a porta para nós o contactarmos é excelente. Obrigado, Carlos, um abraço”, diz Ricardo Salgado.

Após o telefonema com Moedas, o presidente desabafou com o resto da família. “O Carlos Moedas conhece o ministro luxemburguês, de quem é amicíssimo. Vai tentar contactá-lo para ver se nós o podemos contactar. Enfim, é uma coisa simpática. Ao José de Matos vai também tentar contactá-lo, mas não sabe se o apanha hoje”, transcreve o SOL.

No entanto, o agora comissário europeu diz que recebeu as chamadas do presidente do GES mas garante que não se disponibilizou para ajudar o grupo. “O dr. Ricardo Salgado telefonou-se, efetivamente, pelo menos duas vezes. Atendi-o como sempre fiz com quem me contactou mas o tema morreu ali. Nunca tomei qualquer iniciativa que desse seguimento à conversa”, afirma Carlos Moedas ao Público.

Recorde-se que a 2 de junho foi noticiado que a Procuradoria-Geral da República do Luxemburgo estava a investigar três sociedades do grupo sediadas. E quando Ricardo Salgado soube disse: “Isto agora vai piar mais fino, temos aqui um problema sério. Pode ser dramático para o BES. Vai ser muito difícil segurar o grupo nestas circunstâncias”.

Já a adivinhar as dificuldades, o plano dos membros do Conselho Superior era conseguir um financiamento de 500 a 750 milhões para que o barco da Espírito Santo International não se afundasse, mas já eram visíveis alguns sinais de fraqueza.

Durante uma reunião, Ricardo Salgado arriscou pedir ajuda ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, para ajudar a reembolsar os credores que tinham investido em títulos de dívida.

Após receber uma nega, José Maria Ricciardi continua a insistir: “Não podemos dar como garantia o que vamos vender? Tem de se eleger ativos dentro da Rioforte e conseguir uma linha de 500 a 750 milhões de euros. E, entre as vendas que vamos fazer e a linha, vamos gerindo a situação”.

No entanto, Salgado antecipa as objeções do BdP: “Vai dizer que não dá linhas a não-bancos, pode é encaminhar a operação para a Caixa”, mas mesmo assim faz uma tentativa. “Sr. governador, como está? Desculpe ligar a esta hora, mas fomos surpreendidos com este comunicado do Luxemburgo. Estamos muito preocupados… Sr. governador, vamos fazer o nosso possível, mas vamos precisar de um certo apoio”.

Já em desespero, a família Espírito Santo decidiu voltar-se novamente para Carlos Moedas, que alegadamente se disponibilizou para contactar o presidente da Caixa Geral de Depósitos, José de Matos e prometeu falar também com o ministro luxemburguês da Justiça.

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