Paulo Núncio, que está hoje a ser ouvido na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, disse que, "se o crédito fiscal da sobretaxa estivesse em vigor em 2013, os contribuintes teriam recebido a totalidade da sobretaxa que pagaram nesse ano", garantindo que o mesmo teria sucedido se a medida tivesse sido aplicada este ano.
Isto porque, explicou o governante, o aumento da receita fiscal em IVA (Imposto de Valor Acrescentado) e em IRS que "superou o objetivo [fixado no orçamento de 2013] foi na ordem dos 1.200 milhões de euros".
Assim, como a receita da sobretaxa é estimada em 760 milhões de euros, "se [a medida] estivesse em vigor em 2013, os contribuintes teriam recebido a totalidade da sobretaxa em 2014", disse Paulo Núncio.
Do mesmo modo, em 2014, as previsões mais recentes do Governo apontam para que a receita de IVA e de IRS (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares) "supere em 1.700 milhões de euros o objetivo fixado", disse o secretário de Estado, concluindo que o imposto pago a título de sobretaxa em 2014 seria também devolvido "na totalidade" em 2015, caso o crédito fiscal que vai vigorar em 2015 já tivesse sido aplicado.
Paulo Núncio concluiu que a proposta que está no Orçamento do Estado para 2015 assenta num cenário que é "perfeitamente plausível".
O Governo vai manter a sobretaxa em sede de IRS em 2015 e introduzir um crédito fiscal que poderá "desagravar parcial ou totalmente" o imposto pago, mas só se as receitas efetivas de IVA e de IRS forem superiores às estimadas.
Este desagravamento está dependente das receitas de IVA e de IRS, uma vez que a fórmula de cálculo do crédito fiscal considera a diferença entre a soma das receitas do IRS e do IVA efetivamente cobradas (e apuradas na síntese de execução orçamental de dezembro de 2015) e soma da receita agora estimada para o conjunto do ano.
Isto quer também dizer que só em 2016 é que o contribuinte vai saber a sobretaxa paga ao longo do ano foi ou não desagravada.