José Guilherme queria investir na Europa do Leste. Ricardo Salgado, seu amigo, dissuadiu-o. Disse-lhe para investir em Angola. Estávamos em 2008. Anos depois, o líder do BES recebeu 14 milhões de euros em retribuição deste facto, mas também por amizade. Salgado terá consultado especialistas, que lhe disseram que não havia problema em receber este valor.
Esta foi a versão apresentada por Ricardo Salgado ao Banco de Portugal, para explicar ter recebido o elevado montante do empresário da construção.
As dúvidas teriam sido suscitadas ainda antes de novembro de 2013, uma vez que a missiva em questão data de 21 de novembro do mesmo ano, altura em que o líder do BES endereçou as explicações ao departamento de supervisão prudencial.
Nesta altura estava instalada uma guerra entre Ricciardi e Salgado e o regulador português já tinha conhecimento de um ‘buraco’ nas contas da Espirito Santo International superior a dois mil milhões de euros.
Das primeiras vezes que o tema em torno desta verba foi mencionado na imprensa falava-se em 8,5 milhões de euros, recebidos a título de honorários pagos, sendo acrescentado depois os restantes 5,5 milhões, mencionados no livro o ‘Último Banqueiro’.