Maioria rejeita pedido para que Fisco não penhore habitações

Os partidos da oposição apelaram hoje ao Governo para que não sejam penhoradas as habitações de famílias com poucos rendimentos em caso de dívidas ao Fisco, medida que voltou a ser rejeitada pela maioria PSD/CDS-PP.

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Lusa
24/11/2014 12:34 ‧ 24/11/2014 por Lusa

Economia

Parlamento

Durante a discussão da proposta de Orçamento de Estado para 2015 (OE2015), que decorre hoje no plenário da Assembleia da República, os partidos da oposição recordaram o caso recente de uma família de baixos rendimentos que por uma dívida ao Fisco de 1.900 euros só não viu a sua habitação vendida em leilão, depois de uma penhora, devido a uma onda de solidariedade.

No debate, o deputado do PS João Paulo Correia recordou a proposta socialista de alteração ao OE2015 que pretende suspender as penhoras de habitações permanentes a famílias com poucos rendimentos em caso de dívidas ao Fisco.

Também o deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, considerou que "por 1.900 euros não se pode tirar a casa a quem tem dívidas, as famílias têm de ser defendidas".

Já o deputado do PCP João Oliveira considerou que esta "é uma realidade vergonhosa" e criticou o Governo por "despejar famílias" para cobrar "dívidas irrisórias".

Na resposta aos deputados, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, disse que a Autoridade Tributária (AT) já pode, de acordo com a Lei Geral Tributária, "decidir esperar pela existência de outros bens para penhorar, evitando a penhora de imóveis afetos à habitação".

Paulo Núncio afirmou ainda que a proposta de OE2015 vai permitir que as famílias até 15.300 euros de rendimentos anuais deixem de pagar Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) no próximo ano, o que significa, apontou uma isenção deste imposto a "mais 50.000 famílias".

"Esta isenção deixa de estar dependente de requerimento para passar a ser atribuída automaticamente. Dessa forma, de uma forma significativa, salvaguardam-se os direitos das famílias com mais baixos rendimentos com imóveis de baixo valor", afirmou o governante.

Depois da intervenção do secretário de Estado, o deputado do PS João Paulo Correia criticou Paulo Núncio por "responder não respondendo" e por não fazer "um comentário sequer sobre a proposta do PS".

A proposta socialista para evitar as penhoras de habitações permanentes foi hoje rejeitada com os votos contra do PSD e do CDS-PP e os votos favoráveis do PS, PCP e Bloco de Esquerda, depois de ter voltado a plenário para votação.

Esta proposta já tinha sido rejeitada na semana passada, na votação do OE2015 e das respetivas propostas de alteração que decorreu na sexta-feira passada, na Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

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