Especializada no desenvolvimento de sistemas de gestão para a administração pública, a Quidgest instalou-se em Macau em Abril, depois de já estabelecida em Espanha, Reino Unido, Timor-Leste ou Moçambique.
"O mercado de Macau é muito interessante pelo desenvolvimento que tem, pela ambição que tem, e pelos próprios desafios que coloca", disse à agência Lusa o sócio fundador da empresa, João Paulo Carvalho.
A entrada da Quidgest em Macau não é, todavia, alheia "à expansão económica registada no território nos últimos anos".
"Numa altura em que a economia em Portugal não está a correr muito bem e o investimento em sistemas de informação sofre com isso, este mercado tornou-se irresistível", afirmou.
Outro atractivo para a Quidgest foi o facto de Macau ter "uma raiz jurídica de base semelhante à portuguesa".
Por outro lado, "apesar de ser um mercado bilingue, na realidade, a maior parte dos sistemas de informação têm que ser desenvolvidos em quatro línguas: o chinês tradicional (cantonês), o mandarim (a língua oficial), o português e o inglês", acrescentou João Paulo Carvalho.
O mesmo desafio linguístico foi encontrado pela empresa de recuperação de dados informáticos Data Recover Center (DRC), que chegou a Macau em Junho, depois de identificar uma oportunidade de negócio, e concretizá-la com um "parceiro conhecedor da realidade macaense".
"Sendo o português a língua oficial, ninguém o fala, nem sequer o inglês. A dificuldade em nos fazermos entender ou em nos movimentarmos é enorme. Todos os documentos devem ser feitos nas três línguas, o que implica um colaborador chinês que domine uma língua ocidental", enumerou o director geral da DRC, Fernando Ceia.
Além disso, "o espaço é caríssimo e o mercado é altamente exigente e muito fechado", mas, dado o elevado movimento de capitais e poder de compra dos particulares, Macau "é interessante para as empresas portuguesas", acrescentou o responsável da DRC, que iniciou o processo de internacionalização em 2009 para Moçambique e Suíça.
Já o interesse da empresa ROFF em Macau surge na sequência de projectos desenvolvidos para outros mercados asiáticos como Hong Kong e Singapura e foi concretizado após uma visita ao território durante este verão.
"Visitámos Macau integrados na comitiva empresarial do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas. Gostámos do que vimos e, enquanto portugueses, ainda temos algumas vantagens na constituição de empresas em Macau", afirmou o presidente executivo da ROFF, Francisco Febrero.
Além de Macau, a ROFF entrou também em São Paulo este ano, dando continuidade à expansão internacional iniciada em Luanda, Paris, Estocolmo e Casablanca.
"Vamos olhar para os resultados (de Macau) e tentar crescer noutros mercados. Só fazemos consultoria SAP e há muitas empresas que utilizam este software de gestão", afirmou Francisco Febrero.
Não há dados oficiais sobre o número de empresas constituídas exclusivamente com capital português em Macau.