O presidente da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP), Aristides Sécio, afirmou hoje à agência Lusa que o preço por quilograma se situa entre os 50 e os 60 cêntimos, quando em anos anteriores era de 70 cêntimos, por "influência do embargo russo e pelo encharcamento dos mercados tradicionais com a produção de fruta da Europa".
Contudo, o problema transformou-se em oportunidade, porque, segundo o dirigente, a procura da pera rocha do Oeste aumentou e o escoamento desta fruta mantém o ritmo dos últimos anos.
"Antes, as pessoas iam à frutaria e a pera rocha do Oeste estava um pouco mais cara do que outras frutas e provavelmente muitas pessoas não optavam por ela por isso. Este ano, o preço está ao nível dos outros preços e as pessoas querem experimentar este produto diferente", explicou o dirigente da ANP, que tem sede no Cadaval, um dos principais concelhos produtores.
O setor está também a combater o problema com a procura de novos mercados, sobretudo no Médio Oriente, como os Emirados Árabes Unidos.
As oportunidades têm também permitido contrariar os despedimentos no setor que se receava como consequência do embargo da Rússia, acrescentou.
De acordo com a ANP, que representa 84% dos produtores, foram colhidas na campanha deste ano (no verão) 202 mil toneladas de fruta, menos 3,6% face à produção de 2013. Cerca de metade são vendidas nos mercados externos.
Brasil (39% da produção exportada), Reino Unido (19%), França (17%), Rússia (7%) continuam a ser os quatro principais mercados consumidores da pera rocha do Oeste, mas Marrocos (6%) ultrapassou a Alemanha como quinto maior mercado, enquanto o sexto é disputado pela Polónia e Irlanda, o país do mundo que mais consome esta fruta 'per capita',.
A pera rocha é produzida (99%) nos concelhos da zona oeste de Lisboa, entre Mafra a Leiria, numa área de cultivo de 11 mil hectares, sendo os concelhos de maior produção os do Cadaval e Bombarral.
A fileira dá trabalho a 4.700 pessoas, empregando diariamente 13 mil pessoas na época da colheita, e fatura por ano cerca de 140 milhões de anos.
A pera rocha do Oeste possui Denominação de Origem Protegida, um reconhecimento da qualidade do fruto português por parte da União Europeia.