"Era o mais lógico a seguir, porque não havendo emprego, não havendo oportunidades, acho que apostar naquilo que já tinha, nos terrenos que eram dos meus avós e não deixar as coisas ao abandono é uma boa perspetiva de vida", disse José Gonçalves à agência Lusa.
Em 2008, 'arregaçou as mangas' e transformou a ideia num projeto, que está a ser apoiado em cerca de 20% pelo programa comunitário PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), que tem agora reunidas as condições e as instalações para encetar a produção de leite de cabra.
O seu objetivo é produzir leite de cabra de raça algarvia e "conseguir ter uma vida digna e gerar valor" para o país.
Filho de um médico e de uma engenheira química, José Gonçalves, de 32 anos, admite que os pais teriam inicialmente outras expectativas para si, mas com a sua paixão e empenho conseguiu obter o apoio da família, que vinca ser um alicerce vital do projeto.
"Enquanto não tive as vedações, estive durante cerca de quatro anos em pastoreio direto com elas [cabras] no campo", contou explicando que em determinados períodos chegava a fazer seis horas diárias de pastoreio.
Atualmente, o dia está recheado de outras tarefas como o tratamento do estábulo, das áreas de alimentação e recolha de leite, o auxílio no nascimento dos cabritos ou o semear ração para o rebanho, e, embora já não leve o rebanho a pastar, continua a conhecer cada animal pelo nome que a mulher escolheu.
O campo e os animais já faziam parte das suas memórias junto dos seus avós e ganharam outro peso com o curso de produção animal e o projeto empresarial agora em desenvolvimento.
José Gonçalves comentou ainda as dificuldades burocráticas para aprovar o projeto.
"Na agricultura ou em qualquer outro investimento, quando uma pessoa investe também tem um plano para vir a receber [lucro] dentro de certo tempo, no entanto, o maior entrave que tive foi o tempo com as legalizações", lamentou.
Atualmente, o jovem e a mulher contam com a ajuda de dois estagiários e têm vindo a privilegiar os profissionais locais para construir a estruturas necessárias à instalação da empresa como forma de gerar impacto na economia local.
"Só a parte tecnológica é que veio do estrangeiro porque não produzimos em Portugal tecnologia para estas áreas", concluiu.