"Surpreende-me muito aquilo que alguns meios de comunicação portugueses têm dito em relação àquilo que eu afirmei, com base nas informações que tinha na altura, na Coreia do Sul, porque essas declarações tiveram lugar mais de um mês depois de ter ocorrido o aumento de capital por parte do BES, isto é, mais de um mês depois de os cidadãos terem subscrito, comprado ações do BES", declarou Cavaco Silva no México.
Em conferência de imprensa no final da XXIV Cimeira Ibero-Americana, na cidade mexicana de Veracruz e depois de questionado sobre as informações com base nas quais falou, na altura, da situação do BES, o chefe de Estado respondeu: "Alguns dos senhores jornalistas escreveram que eu tinha influenciado as decisões dessas pessoas, que tinham ocorrido há muito mais de um mês".
O aumento de capital do BES foi concluído no dia 11 de junho, e as declarações em causa do Presidente da República foram feitas na capital da Coreia do Sul, Seul, no dia 21 de julho.
A 02 de setembro, a Presidência da República divulgou, "por uma razão de transparência", a transcrição integral dessas declarações sobre o BES, em resposta aos jornalistas.
Segundo essa transcrição, questionado sobre o impacto da situação do Grupo Espírito Santo na economia portuguesa, Cavaco Silva declarou: "Eu considero, pela informação que tenho, que o Banco de Portugal, como autoridade de supervisão, tem vindo a atuar muito bem para preservar a estabilidade e a solidez do nosso sistema bancário".
Na mesma ocasião, o Presidente da República acrescentou: "O Banco de Portugal, desde há algum tempo, tem vindo a tomar medidas para isolar o banco, a parte financeira, das dificuldades financeiras da zona não financeira do grupo. E, o Banco de Portugal tem sido perentório, categórico, a afirmar que os portugueses podem confiar no BES, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa".
"E eu, de acordo com informação que tenho do próprio Banco de Portugal, considero que a atuação do banco e do governador tem sido muito, muito correta", completou.
Quanto ao impacto da situação do grupo na economia portuguesa, considerou: "Haverá sempre alguns efeitos, mas eu penso que não vêm do lado do banco, vêm da área não financeira. Se alguns cidadãos, alguns investidores, vierem a suportar perdas significativas, podem adiar decisões de investimento ou mesmo alguns deles podem vir a encontrar-se em dificuldades muito fortes. Por isso, não podemos ignorar que algum efeito pode vir para a economia real, por exemplo, em relação àqueles que fizeram aplicações em partes internacionais do grupo que estão separadas do próprio Banco em Portugal. Mas eu penso que, pela informação que temos, não terá assim um significado de monta".