O antigo chefe de Estado brasileiro não tem dúvidas de que “a crise foi gerada pela irresponsabilidade e descontrole do sistema financeiro”. “Ela eclodiu em 2008, justamente com a quebra do Lehman Brothers a falência iminente de outros importantes bancos dos EUA e da Europa. Na ânsia de lucro fácil, esses bancos haviam ‘alavancado’ de modo absurdo as suas operações, aplicando em dinheiro que não tinham”, recorda Lula, em entrevista ao Diário de Notícias (DN), frisando que “o que faliu foi a economia fictícia, fraudulenta dos especuladores e não a economia produtiva, real, dos países e dos povos”.
O antigo presidente brasileiro defende que a Europa deve apostar em políticas de crescimento, criação de empregos e protecção social para superar a crise.
“Muitos países emergentes estão demonstrando que é possível combinar rigor orçamental com políticas de crescimento, criação de empregos e protecção social. (…) A Europa só tem a ganhar se os seus principais líderes apostarem no mesmo caminho”, defende Lula da Silva ao DN, acrescentando que “será muito mais fácil corrigir os desequilíbrios orçamentais de alguns países da zona euro num contexto de retomada do crescimento. E com menos injustiça”.
O ex-presidente brasileiro também argumenta que é necessária uma reforma das finanças globais e a promoção da retoma do crescimento mundial. “Acredito que outro grande desafio é promover a retomada do crescimento mundial. Não é verdade que a crise só pode ser combatida e superada por meio de políticas recessivas. Ao contrário: em vez de curar o paciente, estas políticas podem agravar a sua doença", defende Lula da Silva.