Publicado na quinta-feira, o documento, assinado pelo economista-chefe, Olivier Blanchard, e pelo investigador Daniel Leigh, conclui num dos seus pontos: "Os que fizeram as previsões subestimaram de forma significativa o aumento do desemprego e a baixa do consumo privado e do investimento resultantes da consolidação orçamental".
No texto analisa-se o efeito dos chamados "multiplicadores orçamentais", que estimam a capacidade de uma economia em recessão cortas despesas e aumentar impostos no curto prazo, com a esperança de conseguir uma recuperação rápida.
Por exemplo, pode dar-se o caso de economias avançadas, como as europeias, em que um euro de consolidação orçamental [corte de despesas mais subida de impostos] implica perdas no PIB superiores a um euro, apesar de se estimar que a perda seria só de metade e ter decidido, com base nesta estimativa, um forte ajustamento económico.
Em comentário enviado à agência noticiosa, Blanchard adiantou que o FMI vai mudar a forma como avalia a necessidade de austeridade em economias desenvolvidas, como as da Europa, onde alguns países em crise não estão a obter os resultados esperados com a consolidação.
"Em alguns países revimos as nossas previsões, para reflectir esta e outras investigações. Por exemplo, em Portugal, aliviámos os objectivos do défice", afirmou Blanchard.