Lino Maia diz que pior não passou e risco de pobreza mantém-se

presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS), padre Lino Maia, disse hoje em Fátima, distrito de Santarém, não sentir que o pior já passou, considerando que o risco de pobreza se mantém.

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Lusa
31/01/2015 15:04 ‧ 31/01/2015 por Lusa

Economia

CNIS

À margem de um almoço dos órgãos sociais da CNIS com o primeiro-ministro, no qual Passos Coelho afirmou que a "fase mais difícil" foi ultrapassada, Lino Maia declarou não ter "ainda sentido isso".

"O que noto é uma esperança maior no povo português, uma maior confiança", afirmou Lino Maia, candidato único à liderança da CNIS, cujo ato eleitoral decorre hoje.

Segundo o responsável, os portugueses "conformaram-se a expiar culpas passadas".

"Sentia-se que a situação em que estávamos no país era muito má, porque nós tínhamos sido muito maus e tínhamos usado aquilo que não era nosso", observou o sacerdote, para quem, "neste momento, parece respirar-se um outro ambiente e que é possível um futuro menos mau".

Questionado se o risco de pobreza se mantém, o presidente da CNIS respondeu afirmativamente, referindo que, nesta matéria, "há dois elementos que são muito importantes".

"Temos uma população jovem que emigrou ou não tem vez em Portugal e uma população idosa cada vez mais numerosa, porque há uma esperança de vida maior e, portanto, uma natalidade menor", observou.

Para o responsável, "esta desarmonização intergeracional provoca necessidade de mais apoio e temos menos agentes para responder".

"Não estou muito confiante que agora, com uma varinha mágica, vamos chegar a um momento melhor, agora estou confiante nisto, não vamos andar permanentemente a expiar culpas passadas, até porque o povo não tinha essa culpa. Se houve de facto problemas não foi propriamente o povo trabalhador o culpado", sublinhou.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse hoje que os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o risco de pobreza são um "eco" do que o país passou, mas não a situação atual.

"A notícia como eu referi que veio ontem [sexta-feira] divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística é um eco daquilo por que passámos, não é a situação que vivemos hoje, reporta àquilo que foi a circunstância que vivemos, nomeadamente em 2013 que foi, talvez, o ano mais difícil em que o reflexo de medidas muito duras tomadas ao longo do ano de 2012 acabaram por ter por consequência", afirmou Pedro Passos Coelho.

O risco de pobreza continuou a aumentar em Portugal em 2013, afetando já quase dois milhões de portugueses, de acordo com os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento divulgados pelo INE.

Para o chefe do Executivo, apesar de a "fase mais difícil" ter ficado ultrapassada, "ainda há riscos" que precisam de ser olhados "com muita atenção".

"O facto de o pior ter passado não quer dizer que não haja pessoas que estejam hoje ainda muito carenciadas, famílias que passam por grande vulnerabilidade", reconheceu Passos Coelho, apontando a "taxa de desemprego demasiado elevada" ou "pessoas que vivem em bolsas de pobreza que precisam da ação do Estado e da ação das instituições sociais".

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