Salgado e mais dois Espírito Santo sabiam da dívida da ESI

O ex-responsável de 'compliance' do BES, João Martins Pereira, revelou hoje que, em março de 2014, o contabilista da ESI lhe disse que Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo e Manuel Fernando Espírito Santo conheciam os problemas da 'holding'.

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Lusa
12/02/2015 19:25 ‧ 12/02/2015 por Lusa

Economia

Inquérito BES

"Machado da Cruz [contabilista da Espírito Santo International (ESI)] disse na minha presença que havia três pessoas no grupo [Grupo Espírito Santo (GES)] que sabiam que a dívida não estava totalmente refletida, mas que não sabiam o montante", afirmou Martins Pereira durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.

Tratava-se de Ricardo Salgado, ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), José Manuel Espírito Santo, ex-administrador do banco, e Manuel Fernando Espírito Santo, ex-presidente da Rioforte, especificou o ex-responsável pela 'compliance' do BES.

Martins Pereira disse que, além destes três membros do clã Espírito Santo, o ex-responsável pela tesouraria do GES, José Castella, a quem Machado da Cruz reportava, também sabia da questão.

Segundo Martins Pereira, esta informação foi-lhe transmitida por Machado da Cruz numa reunião em março de 2014, que teve duas partes distintas e na qual o responsável apenas participou numa delas.

Salgado, José Manuel e Manuel Fernando Espírito Santo marcaram presença neste encontro.

"Não ouvi o dr. Machado da Cruz dizer que A, B ou C mandou-me fazer isto. O que ouvi dizer é que a situação da dívida não estar totalmente registada era do conhecimento de algumas pessoas", acrescentou perante as questões com ia sendo confrontado.

Martins Pereira revelou que já sabia do problema do passivo da ESI desde 12 de novembro de 2013, numa reunião em que participaram José Castella, Francisco Machado da Cruz e Carlos Calvário, que o informaram de que "a dívida não estava correta".

O responsável disse que percebeu nesse dia que a ESI não tinha contas consolidadas, nem auditadas, não cumprindo as normas do Luxemburgo, país onde esta 'holding' de topo do GES tem sede.

"Uma coisa foi logo decidida: a dívida teria de ser imediatamente corrigida e o Banco de Portugal teria de ser informado de que as contas não refletiam a totalidade da dívida", afirmou, revelando que pouco tempo depois chegou a exigência do supervisor para que fosse feita uma auditoria às contas consolidadas da ESI.

Martins Pereira disse que não sabe quais os motivos que levaram à ocultação do passivo.

"Havia obviamente um erro gravíssimo: fosse de não consolidação ou de não registo, isso era evidente. Se era deliberado ou não?", lançou.

A comissão de inquérito teve a primeira audição a 17 de novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que expira a 19 de fevereiro mas que deverá ser alargado.

Na sexta-feira é votado em plenário precisamente a prorrogação dos trabalhos por mais 60 dias.

Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

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