"Se o Governo publicar o decreto-lei do alargamento e não olhar às nossas reivindicações, aí avançaremos com uma providência cautelar. Já temos um advogado a preparar esta ação", explicou aos jornalistas Eduardo Nóvoas.
O responsável falava aos jornalistas durante uma manifestação promovida em Monção por cerca de 150 produtores dos dois concelhos do Alto Minho.
O protesto ocorreu durante a cerimónia de inauguração, pelo secretário de Estado da Agricultura, do primeiro museu do Alvarinho, situado em pleno centro histórico de Monção.
À porta da nova estrutura, concentrados atrás das barreiras colocadas pela GNR, os manifestantes gritaram palavras de ordem, como "o Alvarinho é nosso", e vaiaram o governante e o presidente da Câmara de Monção, município que aceitou o acordo de alargamento da produção daquele vinho.
O documento foi fechado a 13 de janeiro pelo Grupo de Trabalho do Alvarinho (GTA), constituído pelo Governo para negociar a denominação daquele vinho.
O GTA foi liderado pela Comissão de Viticultura dos Vinhos Verdes (CVRVV), defensora do alargamento da produção aos 47 municípios que a integram.
O acordo prevê, entre outras medidas, a utilização pelos produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço de "um selo de garantia".
Determina ainda um período transitório de seis anos durante o qual a sub-região de Monção e Melgaço, concelhos que juntos constituem a sub-região que até agora detinha a exclusividade de produção de Alvarinho, vai dispor de um montante de três milhões de euros para investir em promoção.
Confrontado pelos jornalistas com a intenção daqueles produtores de recorrer ao tribunal, o secretário de Estado da Agricultura respondeu: "Este acordo é a providência cautelar para o Alvarinho não ficar perdido por outras regiões do mundo".
José Diogo Albuquerque admitiu que "as mudanças não são fáceis" e que "existem sempre resistências", garantindo, no entanto, existirem "vantagens nesta mudança".
"Se a mudança não fosse boa, o senhor presidente da Câmara de Monção não tinha convidado para vir nesta altura", disse, referindo-se à inauguração do museu.
Já o porta-voz dos manifestantes afirmou ter "receio fundamentado de que a qualidade do Alvarinho vá diminuir grandemente", adiantando que se trata de um "acordo ilegítimo e ruinoso para os agentes e para o território", elaborado por "um grupo restrito de negociadores, que não representam a região".
Os manifestantes argumentam que é um acordo que "não garante a qualidade do vinho Alvarinho, que põe em causa todo o prestígio alcançado, a nível nacional e internacional, que valoriza um mercado de massas de vinhos sem valor acrescentado, que irá potenciar a queda do preço da uva e o abandono dos campos com a consequente desertificação do território, bem como, gerar uma catástrofe na economia local".