Marc Roche tece, em declarações à TSF, duras críticas ao governador do Banco de Portugal que descreve como “imoral”.
O jornalista belga, que é correspondente do jornal Le Monde em Londres, critica Carlos Costa por não ter feito da “forma correta” a supervisão dos bancos que é a sua “responsabilidade” e acusa o governador de saber “o que se passa num dos principais bancos portugueses” mas ainda assim “não faz perguntas aos seus amigos que gerem os bancos, porque está demasiado próximo deles, porque talvez as famílias se conheçam, porque talvez tenham andado na mesma escola”.
“Então o que é que faz?”, questiona aos microfones da TSF, acrescentando que qualquer pessoa que “cometa um erro como este no seu trabalho ou se demite ou é despedida”.
“Mas aqui o governador continua como se nada se passasse”, refere, acrescentando que “ele é imoral” e que “com esta recusa em demitir-se demonstra arrogância, que todos os atores da crise financeira têm em comum”.
Mas esta arrogância, sublinha, não é exclusiva de Carlos Costa, antes pelo contrário, é “a arrogância das pessoas do banco português que foi à falência”.
Marc Roche, que dedica no seu livro um capítulo ao colapso do BES, acredita que este caso “foi pior do que o Lehman Brothers, Bank of Scotland ou os Landesbanken na Alemanha, porque Portugal é um país pequeno e este banco era muito grande para um pequeno país”.
Na opinião do jornalista a decisão do Governo é aceitável porque “como um todo, evita risco sistémico, evita contágio de colapso a outros países e limita o problema a Portugal”, contudo, critica a “proximidade entre políticos e banqueiros”, um problema que, assegura, não é só português, pois verifica-se em outros países.