Uma maior abertura, segundo o artigo, incentivaria as importações ao Brasil, permitiria que a mão-de-obra qualificada fosse associada a atividades mais produtivas e, com a participação em redes globais de produção, aumentaria o potencial de produtividade.
O artigo "The Cost of Brazil's Closed Economy" (O custo da economia fechada brasileira) realça a existência de barreiras protecionistas, a baixa percentagem de exportações e importações na composição do Produto Interno Bruno (PIB) brasileiro, de 27,6%, e o facto de poucas empresas brasileiras exportarem (20 mil, a mesma quantidade da Noruega).
O país não passou pela segunda onda de globalização, com a fragmentação dos procedimentos em cadeias internacionais, e vive desafios de competitividade, segundo os autores Otaviano Canuto, Cornelius Fleishhaker e Philip Schellekens, consultores do Banco Mundial.
O economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) do Rio de Janeiro, Gilberto Braga, afirma que a internacionalização das empresas brasileiras é "inexorável" e que a discussão é o modelo como ela será feita.
"A abertura alavanca o crescimento. O que se discute na academia e nas universidades é de que forma se consegue entrar nessa onda", afirmou o economista, realçando que o processo é necessário, mas deve ser lento.
Braga afirmou também que há uma parte da sociedade brasileira resistente à internacionalização, por encará-la como uma "desnacionalização", numa discussão que envolve aspetos sociológicos, políticos e ideológicos.
O também economista Antonio Porto Gonçalves, professor da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, defende que o Brasil, apesar de ser fechado em relação ao comércio internacional, não o é em termos de investimentos e fluxos de capitais.
"Se tiver uma economia muito aberta e o mundo for mal, prejudica a economia nacional. Mas, se for bem e a economia for fechada, perde-se a oportunidade. E nem sempre o mundo vai bem", afirmou.
Porto Gonçalves realçou acreditar que os problemas económicos brasileiros atuais não são externos, mas internos, de "má administração".
Segundo o economista, uma maior abertura traria competitividade, o que poderia ser positivo, mas no Brasil já existe uma competição interna.
Os dois economistas concordam que, atualmente, a economia brasileira sofre vários problemas por questões nacionais, como o ambiente político em crise, a expetativa por reformas políticas e tributárias e as suspeitas de corrupção na petroleira Petrobras, a maior empresa do país.