Num almoço com o jornalista Nuno Saraiva, do Diário de Notícias, Miguel Sousa Tavares falou um pouco de tudo: do estado do país, das dívidas de Passos Coelho à Segurança Social, de Cavaco Silva e até mesmo da Grécia.
Mas comecemos pelo colapso do Grupo Espírito Santo (GES), do qual o escritor se tentou desmarcar nos seus comentários por ter uma filha casada com um filho de Ricardo Salgado. “Sou amigo do Ricardo há muitos anos, para além das relações familiares. E continuo a achar que ele era o melhor banqueiro português”, revelou.
“O problema dele não foi falhar como banqueiro, foi querer ser chefe de uma família em que todos tinham de trabalhar para o grupo e só 10% tinha competências para o fazer. Querer sustentar a família toda e ter submetido o grupo ao banco é que acho imperdoável”, afirmou o comentador.
Quem não perdoa é também Cavaco Silva que, no seu entender, “causou muitos danos a Portugal. Desperdiçou os dinheiros europeus, vendeu aquilo que podiam ser as fontes de riqueza, como a agricultura e as pescas. Quando gastou o dinheiro, foi embora”. “De todas as personagens que desfilaram nos últimos 40 anos, não há ninguém por quem tenha menos consideração política do que o atual Presidente da República”, atirou.
Mas não é só o chefe do Estado quem está mal na pintura. “Somos todos nós”. Porque “eles [a quem apontamos o dedo] é aquela entidade que é sempre maléfica. Temos sempre um azar do caraças, são todos maus governantes, há 40 e tal anos que não temos um ministro capaz. Esta postura irrita-me imenso”, ripostou.
Não deixando de proferir umas palavras sobre a posição “absolutamente vergonhosa” e “contraproducente em relação aos interesses de Portugal” do governo relativamente à Grécia, Sousa Tavares referiu-se à situação contributiva de Passos Coelho, dizendo: “Se tivesse começado por dizer que não tinha dinheiro e por isso não pagou, ou pagou com juros, as pessoas percebiam, acontece a toda a gente. As explicações é que foram más”.