Reporta esta terça-feira o Jornal de Negócios que o número de ações relacionadas com cobrança de dívidas atingiu em 2014 o nível mais baixo desde há vários anos.
Segundo a mesma publicação, este facto poderá dever-se não só à crise mas também ao facto de os tribunais terem melhorado os seus procedimentos tornando-se mais eficazes ao nível processual.
Em termos quantitativos, se em 2012 se registou a entrada de 261.378 processos nos tribunais relativos a execuções de dívida, no ano passado este número baixou para os 137.481, ou seja, menos 47,4%. Estes valores apenas têm paralelo com os registados em meados dos anos 90.
José Carlos Resende, presidente da Câmara dos Solicitadores, explica que há mais do que um facto a explicar esta tendência, entre eles a crise sentida no país, mas também a forma como evolui o consumo.
“Deixou de haver créditos hipotecários, as empresas deixaram de recorrer ao crédito para vender os seus produtos e até nos telemóveis hoje já é mais complicado. Esse género de processos desceu enormemente”, explica Resende ao Jornal de Negócios.
A explicar esta descida está também o facto de se terem registado menos processos abertos pelos grandes litigantes, sobretudo empresas de telecomunicações ou instituições financeiras. No ano passado, este tipo de instituições interpôs menos 48% de ações para cobrar valores em dívida.
“Além de um maior cuidado dos operadores na concessão de crédito”, explica-se também que este facto estará também o aumento dos custos processuais, uma vez que este tipo de processos por parte de grandes empresas viu as custas aumentarem em 50% desde 2012.