Ao Sol, fontes do banco BES manifestaram “surpresa” e “estranheza” com a notificação da CMVM ao Ministério Público, porque quando, em Março de 2012, o regulador dos mercados financeiros começou a recolher informações sobre suspeitas de crimes de mercado, “todas foram dadas, no sentido do esclarecimento cabal”.
“De acordo com a investigação interna, (…), todas as operações identificadas inscrevem-se na normal gestão de carteiras de valores mobiliários sendo demonstrável a natureza transparente das mesmas”, reforçam as mesmas fontes.
Recorde-se que, na sequência de uma investigação, desencadeada durante cerca de quatro anos, a CMVM recolheu indícios de que no BES podem ter sido cometidos crimes de mercado, entre os quais abuso de informação privilegiada (insider trading) e manipulação de preços de mercado.
Em causa está uma operação de compra de títulos da EDP Renováveis, em Janeiro de 2008, entre o BES e a seguradora BES Vida, e que envolve altos responsáveis do Banco Espírito Santos (BES).
Na iminência do processo prescrever, o Ministério Público constituiu, entretanto, vários arguidos, sendo José Maria Ricciardi (presidente do BESI) um deles, entre outros membros da direcção financeira do banco.
No entanto, o BES rejeita qualquer prática irregular e considera mesmo que não há razões para qualquer demissão, nomeadamente dos responsáveis que foram constituídos arguidos.
O semanário tentou obter esclarecimentos sobre o caso por parte da CMVM, Ministério Público e Banco de Portugal, mas sem sucesso.