Às 08:30 já havia filas nas caixas do Pingo Doce da Baixa de Coimbra, que abriu às 08:00, mas tal pareceu não se dever à falta de funcionários a trabalhar no supermercado, mas às promoções que a cadeia promove neste dia, destacando-se no local um cartaz a fazer alusão aos descontos de 50% a mais de 100 produtos.
Uma cliente habitual do estabelecimento, que não se quis identificar, contou à agência Lusa que não foi de propósito ao Pingo Doce para aproveitar as promoções, considerando que, com as campanhas de descontos, "uma pessoa bloqueia e compra o que não devia".
Quanto à greve, a mulher, de 64 anos, mostrou-se contra, referindo que "se toda a gente fizer greve o país para".
"Os sindicatos têm razão" em exigir melhores salários e condições para os trabalhadores, afirmou, por outro lado, Fernando Simão, frisando que, no Dia do Trabalhador, "ninguém devia trabalhar".
Apesar disso, dirigiu-se ao Pingo Doce para aproveitar as promoções, considerando que não havia alternativa: "tem que ser, que a vida está difícil e uma pessoa tem de aproveitar".
No Continente de Eiras, também com promoções, notou-se algum movimento a mais, mas não com tantos carrinhos e sacos cheios como no Pingo Doce.
Já no Jumbo, a situação foi de aparente normalidade, num estabelecimento que não tinha qualquer tipo de descontos direcionados para o dia de hoje.
"Sabia da greve, mas não se notou diferença nenhuma", salientou Jaime Martins, de 67 anos, que ali se deslocou para fazer compras.
A coordenadora regional do Sindicato do Comércio e Serviços (CESP) disse que este ano a greve tem mais expressão que em anos anteriores, mas que não se deverá notar essa mesma adesão no funcionamento dos estabelecimentos, por conseguirem funcionar com poucos trabalhadores.
"Há muitos trabalhadores a fazer greve no distrito de Coimbra. Em todos os estabelecimentos e em todas as cadeias. A greve é uma realidade", assegurou.
Zilda Ferreira, que foi ao Continente sem intenção de aproveitar as promoções, encontrou "um montão de gente" à entrada do estabelecimento, às 08:30, hora de abertura.
"Há muita gente", observou, dizendo que não tinha conhecimento da convocação da greve por parte do CESP e do Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, nem notou o seu impacto dentro do hipermercado.
Contudo, disse que concorda com a mesma: "eu tenho uma empresa e ela hoje está fechada. Os trabalhadores devem ter direito ao feriado", defendeu.
"Os hipermercados não respeitam os trabalhadores e as pessoas, com a conjuntura, sujeitam-se. Mas, enfim, é o que temos", desabafou.