Miguel Pais do Amaral confirma que não apresentou uma proposta vinculativa para a privatização da TAP, uma vez que a sua proposta necessitava de uma avaliação de seis semanas do impacto da greve de dez dias, além de um acordo prévio com os sindicatos e do apoio do Governo na renegociação da dívida com os credores.
O dono da Leya indica ao Dinheiro Vivo que não irá recorrer da decisão do Governo. “Não queremos prejudicar o Governo”, afirma.
Recorde-se que o Governo decidiu esta quinta-feira passar apenas dois candidatos à compra da TAP para a fase de negociação, deixando Miguel Pais do Amaral de lado, ficando a negociar apenas com Gérman Efromovich e David Neeleman.
O responsável admite ainda que não teve tempo para cumprir os requisitos do Governo. “Não pudemos fazer o trabalho todo para cumprir o caderno de encargos”, informa.
Para Pais do Amaral era também indispensável o apoio do Governo na renegociação da dívida com os credores, um ponto muito difícil assim que mudar de dono, na sequência da privatização. “Deveriam ser dados sinais claros pelo Estado junto dos financiadores para que se verificassem condições satisfatórias ao nível da dívida da TAP”, explica e acrescenta que “qualquer proposta seria uma aventura sem que se verificassem estes três pontos”.
“É uma pena que a TAP passe a ser uma subsidiária de uma companhia regional”, acrescenta.
“Queríamos um prazo adicional de seis semanas, que poderia ser reduzido a um mês, para avaliar o impacto da greve dos pilotos que decorreu entre 1 e 10 de maio. É impossível saber este impacto, que será colossal. Vai haver uma esteira negativa de clientes que não voltarão à TAP durante seis a 12 meses", acrescenta.
Contudo, para Pais do Amaral só faria sentido avançar com uma proposta vinculativa se existisse um acordo prévio com os trabalhadores. “A operação seria uma aventura se não se conseguisse um acordo de médio e longo prazo com os sindicatos”, explica.
[Notícia atualizada às 16h37]