Empresa portuguesa fornece peixes a aquários de todo o mundo

Nascida para capturar e vender peixes a grandes aquários públicos, a Flying Sharks expandiu recentemente a sua atividade aos mares de São Tomé e Príncipe, mas mantém-se empenhada numa missão empresarial com uma mensagem conservacionista.

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© peixinho dourado, peixe, aquário

Lusa
03/06/2015 18:50 ‧ 03/06/2015 por Lusa

Economia

Flying Sharks

Graças à ideia que João Correia, o fundador da Flying Sharks, concretizou em 2006, aproveitando a experiência adquirida ao longo de doze anos de trabalho no Oceanário de Lisboa, milhares de peixes apanhados ao largo do Continente e dos Açores nadam agora em aquários de todo o mundo.

O negócio foi pioneiro em Portugal e continua a ser inovador.

"Somos cerca de cinco empresas em todo o mundo", afirma o responsável da empresa, biólogo de formação, e que se dedica também ao ensino na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar.

João Correia destaca que a Flying Sharks tem uma forte componente educacional e, por isso, optou por fornecer animais apenas por instituições públicas, "para ajudar a transmitir uma mensagem de conservação".

Os peixes são "capturados de forma sustentável" na costa do Continente, essencialmente em Peniche, e ao largo da ilha do Faial, nos Açores.

"As capturas são feitas de variadas maneiras", adianta o biólogo.

Os espécimes podem ser recolhidos em poças de maré, durante a maré baixa, ou recorrendo ao mergulho.

"Temos uma licença especial para isso. Apanhamos os peixes um a um, capturamos as espécies que queremos e até podemos escolher o sexo", explicou João Correia.

Ocasionalmente, são também usadas pequenas redes de emalhar, sendo as metodologias usadas de acordo com o tipo de peixe que se pretende capturar.

Apesar do nome da empresa - "Tubarões Voadores" - esta espécie não é a mais encomendada.

"São caros e o transporte é delicado", justifica João Correia, adiantando que cavalas, peixes-lua, atum sarrajão, raias e ratões integram a lista de peixes mais pedidos.

Os animais seguem para o seu destino dentro de sacos de plástico com oxigénio, acondicionados em caixas de esferovite, mas as espécies mais delicadas ou de maior porte requerem uma logística mais complicada.

"Vão num tanque especial com circulação de oxigénio" e, nos casos mais complicados, são acompanhados por biólogos que monitorizam a qualidade da água e o estado dos peixes ao longo de viagens que podem durar 40 ou 50 horas.

Além dos clientes nacionais, como o Oceanário, Aquário Vasco da Gama e até o Fluviário de Mora, a Flying Sharks tem sido contactada por clientes de Espanha, França, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Suécia, e de paragens mais longínquas como o Dubai, Japão, Singapura, Estados Unidos e Canadá.

Com uma faturação que ronda os 300 mil euros anuais, João Correia não se queixa da falta de encomendas, embora a maioria esteja aquém da operação de grande envergadura que envolveu em 2010, o transporte de 3.100 peixes, de mais de 100 espécie diferentes para o aquário de Istambul, na Turquia.

"Perdemos três peixes, foi o nosso pior resultado", disse o diretor da Flying Sharks que se congratula com uma taxa de sobrevivência dos peixes próxima dos 100%.

Apesar do aumento do volume de trabalho, as "contingências do clima económico" têm travado um aumento da faturação e João Correia queixa-se da carga fiscal "matadora" que penaliza novos investimentos.

Ainda assim, a empresa criou recentemente um centro de operações em São Tomé e Príncipe, o que lhe permite aumentar a oferta de animais, e tem vindo a apostar na diversificação dos serviços.

"Além do fornecimento de animais, somos cada vez mais requisitados para consultoria", salientou João Correia.

A Flying Sharks é um das empresas nacionais que vai marcar presença no Blue Business Forum, uma das iniciativas incluídas na Semana Azul Lisboa 2015 e que pretende dar a conhecer novos negócios e unidades promotoras de inovação e investigação.

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