Na folha trimestral de conjuntura divulgada hoje, o Núcleo de Estudos sobre a Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica, apresenta ainda as estimativas para o segundo trimestre deste ano, antevendo que a economia tenha crescido 0,7% em cadeia e 1,7% em termos homólogos, "em ligeira aceleração face ao trimestre anterior (0,4% e 1,5%, respetivamente)".
"O desempenho da economia nacional em 2015, num contexto doméstico de 'passividade orçamental', está a beneficiar de um conjunto significativo de fatores favoráveis", escreve o NECEP.
Nesse sentido, e "apesar do crescimento do primeiro trimestre ter sido inferior ao estimado inicialmente pelo NECEP", os economistas consideram que o desempenho da economia portuguesa permite "manter uma expectativa de crescimento em 2015 não muito distante dos registos normais para a economia portuguesa".
Ainda assim, o NECEP revê em baixa ligeira a sua projeção anterior, para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,1% em 2015, alertando "para a possibilidade de um bom desempenho a curto prazo poder resultar de alguma deterioração da situação orçamental que costuma ser observada em Portugal em anos eleitorais".
"A mudança do ambiente de negócios é, porém, evidente e vários riscos têm-se revelado menos onerosos em termos de crescimento do que inicialmente antecipado. A crise do BES [Banco Espírito Santo], ainda por resolver, continua a não se notar nas estatísticas de atividade económica, o que permite antever que os seus efeitos ocorram apenas a nível de 'stocks' e não de fluxos", escrevem os economistas da Universidade Católica.
Considerando que os sinais de recuperação cíclica "são agora mais visíveis", os especialistas afirmam que "ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, tendo em conta o ciclo eleitoral", bem como a incerteza em torno da Grécia, que "continua a pesar sobre os mercados financeiros".
"Mas a ausência de impactos significativos no mercado de capitais à realização do referendo e ao feriado bancário sugere que os restantes países da zona euro não serão afetados de forma significativa no curto prazo", afirmam.
Por outro lado, o NECEP reviu em alta a previsão de crescimento do PIB em 2016, de 1,9% para 2%, mas afirma que "os riscos de 2016 dependem, acima de tudo, das necessidades de ajustamento orçamental que possam surgir caso se venha a verificar um défice superior aos 2,7% inscritos no Orçamento do Estado 2015", destacando ainda que "os desenvolvimentos da zona euro pesarão também nesta previsão. Na ausência de surpresas adversas na frente orçamental, a economia portuguesa deverá crescer alinhada ou ligeiramente acima da zona euro no próximo ano".