Comparando o caso BES ao Montepio Geral há semelhanças que são cada vez mais visíveis, segundo o jornal i.
Há dois anos que se vem falando dos problemas da instituição gerida por Tomás Correia, em parte porque a associação mutualista e o banco partilhavam a mesma equipa de gestão, sem que houvesse uma separação.
Aqui está a primeira semelhança ao que aconteceu com o BES e o GES.
Tal como sucedeu com o banco liderado por Ricardo Salgado foi preciso a comunicação social para que o Banco de Portugal (BdP) começasse a investigar a instituição mais profundamente. Foi desta forma que o regulador impôs a separação da parte mutualista da banca de retalho.
Mas há outro aspeto a analisar. O facto de Teixeira dos Santos ter sido nomeado para presidente executivo do Montepio, mas até hoje não se saberem os motivos que o levaram a não assumir o cargo.
Em 2012, o BdP pediu à Deloitte uma auditoria forense ao grupo para apurar as práticas na concessão de créditos. Em 2013 e 2014, a Caixa Económica do Montepio assumiu prejuízos de 485,5 milhões, em que foi obrigada a constituir provisões de 643 milhões de euros.
Este mês, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) solicitou uma série de documentos e anunciou a realização de uma ação de supervisão presencial.
Aqui a semelhança também é evidente, uma vez que depois de a 3 de agosto as entidades terem tido acesso a toda a documentação do grupo BES/GES, começou a perceber-se o estado calamitoso da instituição.
O regulador liderado por Carlos Costa verificou também alguns financiamentos específicos do Montepio, como os concedidos a empresas da esfera do GES quando já se sabia das dificuldades do grupo.
Aqui, os protagonistas dos dois bancos cruzam-se. Uma das figuras que está a ser investigada pelo BdP é Paulo Guilherme, filho do construtor José Guilherme, que terá oferecido uma comissão de 14 milhões de euros ao ex-presidente do BES.
Outra situação também parecida é quando a 17 de junho o presidente do Montepio escreveu uma carta aos clientes do banco a salientar que não havia qualquer problema com o banco. Tal como Ricardo Salgado fez quando saíram as primeiras notícias na imprensa.
Espera-se que este não seja mais um caso de um banco que colapsa mesmo diante dos olhos do regulador e da CMVM.