Apesar de o Ministério Público, que investiga o caso ‘Monte Branco’, ter ilibado o presidente do BES dos crimes de fuga ao fisco e garantido que Ricardo Salgado não está envolvido no esquema de branqueamento de capitais, o BdP decidiu pedir esclarecimentos ao banqueiro.
Conta o Público que, Ricardo Salgado já foi ouvido no BdP, a pedido do presidente da instituição Carlos Costa, para explicar a razão que o levou a esquecer-se de apresentar 8,5 milhões de euros nas suas declarações de IRS.
O banco central quer apurar se Ricardo Salgado é "idóneo" para liderar o BES, ainda que, perante a lei, não tenha cometido qualquer crime, dado posteriormente pagou os impostos devidos e regularizou a sua situação fiscal.
De acordo com o artigo 30 do Regime Geral das Instituições de Crédito, citado pelo Público, "na apreciação da idoneidade" de um gestor, condição essencial para a autorização das funções, "deve ter-se em conta o modo como a pessoa gere habitualmente os negócios ou exerce a profissão, em especial nos aspectos que revelem incapacidade para decidir de forma ponderada e criteriosa, ou a tendência para não cumprir pontualmente as suas obrigações ou para ter comportamentos incompatíveis com a preservação da confiança do mercado".
Além de Ricardo Salgado, Carlos Costa chamou ainda ao BdP, no final de Janeiro, o presidente do BESI (Espirito Santo Investment Bank), José Maria Ricciardi, e o CFO do BES, Amílcar Morais Pires, ambos arguidos no processo ‘Monte Branco’, um esquema de evasão fiscal e branqueamento de capitais com ligações à Suíça.
Acrescenta o jornal que, Ricardo Salgado manteve, nos últimos 15 dias, vários contactos pessoais e por telefone com os dirigentes do BdP e, na semana passada, enviou a Carlos Costa, esclarecimentos por escrito, aos quais juntou o despacho do Ministério Público que o iliba.
Recorde-se que, só dias antes de prestar depoimento no Departamento Central de Investigação e Acção (DCIAP) é que o presidente do BES liquidou a última de três rectificações à sua declaração de IRS, na qual se esqueceu de declarar 8,5 milhões de euros de rendimentos obtidos em Angola, noticiou a 17 de Janeiro o jornal i.