"O futuro do aeroporto de Beja está mais garantido com o investimento" da empresa portuguesa AeroNeo, que vai instalar na infraestrutura uma unidade industrial de manutenção e desmantelamento de aviões e valorização de ativos aeronáuticos, disse o secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Sérgio Silva Monteiro.
O governante falava no aeroporto de Beja, na cerimónia de assinatura, entre a ANA - Aeroportos de Portugal e a AeroNeo, da licença para a construção e a exploração da unidade, que vai implicar um investimento de oito milhões de euros e poderá criar 80 postos de trabalho.
"O dia de hoje mostra que seguimos uma estratégia consistente no sentido de poder dotar" o aeroporto de Beja "das valências industriais que o ponham definitivamente no mapa" e "enquanto a vocação de passageiros ainda não é possível de aproveitar", frisou.
Segundo Sérgio Silva Monteiro, "não há nada pior para um aeroporto do que ir aos poucos arredando-se do mapa de ´cluster` aeronáutico de passageiros, porque depois é mais difícil encontrar-lhe uma vocação".
Através da nova unidade industrial, o aeroporto de Beja terá "um laboratório especializado em aproveitar mais de 90% das peças de aviões que estão em fim de vida e voltar a utilizá-las", explicou.
"Isto é muito importante para a indústria mundial, porque baixa o custo associado ao mercado da aviação, mas também permite instalar mão-de-obra especializada no distrito de Beja, que tanto precisa", frisou.
No final da cerimónia, em declarações aos jornalistas, o presidente da ANA, Jorge Ponce de Leão, disse que o investimento da AeroNeo "é o primeiro verdadeiro projeto com grande relevância" para o aeroporto alentejano.
O investimento da AeroNeo representa "um quarto" do total investido para construir o aeroporto de Beja, ou seja, 33 milhões de euros, que "não representa mais do que seis quilómetros de autoestrada", disse.
Por outro lado, frisou, o número de postos de trabalho que a unidade vai criar "corresponde a 13 vezes o número de trabalhadores" que o aeroporto de Beja tem, ou seja, seis.
Segundo Jorge Ponce de Leão, o investimento no aeroporto de Beja "talvez tenha surgido antes do tempo ou no tempo errado", porque a crise de 2009, "com as consequências que teve sobretudo" ao nível dos projetos turísticos previstos para o Alentejo, "fez com que tivéssemos de rever prioridades" em relação às valências da infraestrutura.
O transporte de passageiros no aeroporto de Beja "não está fora de questão", mas "não podemos ficar à espera do desenvolvimento turístico em condições de criar massa crítica para um transporte regular de passageiros", defendeu.
O aeroporto de Beja "continua a ter transporte de passageiros, mas não é um transporte regular de passageiros", o qual "vai chegar um dia", admitiu, estimando que a conclusão da A26 e o desenvolvimento do turismo em Troia "poderá criar fluxos" de turistas "mais permanentes" para o Alentejo.