A herança de uma dívida pública pesada vai obrigar a cobrir elevados pagamentos já após as eleições. Contas feitas, o Dinheiro Vivo avança que o governo que sair vitorioso das próximas eleições legislativas, no dia 4 de outubro, terá de liquidar qualquer coisa como 54 mil milhões de euros aos credores, sem contar com os juros.
Deste valor, quase 41 mil milhões de euros pertencem a obrigações do Tesouro adquiridas para satisfazerem necessidades de financiamento no tempo do primeiro-ministro José Sócrates. O primeiro pagamento cairá logo 11 dias após as legislativas, um valor de 5,4 mil milhões de euros que o executivo socialista emitiu em julho de 2005.
Para além das dívidas dos mercados, Portugal irá começar a reembolsar os credores oficiais, a União Europeia e o FMI. Trata-se de um pagamento de 14 mil milhões de euros, do qual até agora apenas se pagaram juros.
Nas propostas para a redução da dívida, o Governo acredita que é “decisivo o contributo do saldo primário, que deverá ser positivo e crescente durante todo o período”, por outro lado o diferencial de juros face ao crescimento do PIB nominal “terá um impacto negativo apenas até 2016”.
Já Mário Centeno, economista responsável pelo estudo do Partido Socialista, não acredita nos números da coligação. “A nossa proposta assume uma mudança nas políticas seguidas até aqui. Assumimos que são precisas mais políticas. Mais investimento mas sem agravamento da dívida”, explica.