Em entrevista à Lusa, João Macaringue, presidente do Instituto para a Promoção das Exportações (Ipex), defendeu que, apesar do protagonismo que Moçambique assumiu pela descoberta de reservas naturais, a entidade organizadora do maior evento empresarial de Moçambique prefere focar-se no desenvolvimento.
"Isso só pode ocorrer com dinheiro nos bolsos do mais necessitados e passa por aumentar o valor do produto que não é processado neste momento", referiu, destacando o peso dos setores agrícola e das pescas no evento, além da realização paralela de uma feira de turismo.
A 51.ª edição da Facim decorre no ano em que Moçambique celebra 40 anos de independência e no início do mandato presidencial de Filipe Nyusi, que na segunda-feira é esperado para a inauguração.
Sob o lema "Promovendo o potencial económico de Moçambique", a organização pretende que, até 06 de setembro, a Facim seja uma oportunidade para expor as prioridades para o novo ciclo governativo de cinco anos do país.
"O que estamos a fazer é que o Plano Quinquenal do Governo tenha um reflexo na Facim", disse Macaringue, salientando a criação da riqueza por via da diversificação das exportações, aumento da produção e produtividade e industrialização.
O impacto da feira na economia moçambicana é desconhecido, segundo Macaringue, porque muitas valências não são mensuráveis, mas indicou que se assiste "a olhos vistos a um grande crescimento de oportunidades que são colocadas no mercado internacional por causa do conhecimento que se trava na Facim".
Além do efeito desse conhecimento nas exportações, o presidente do Ipex destacou, por outro lado, a promoção interna, em que todas as províncias moçambicanas convergem durante uma semana ao mesmo espaço e tomam conhecimento do que cada uma faz e dos custos reais dos seus produtos.
"Muitas vezes importamos produtos e não há forma de se comunicar que já são produzidos numa determinada região", apontou, mencionando ainda os benefícios para o associativismo, quando os produtores se deparam com a incapacidade de servir o mercado sozinhos
Até ao fim da semana, havia 2.950 inscrições de 31 países, alguns dos quais estreantes, como a Coreia do Sul e o Vietname, um número ainda abaixo dos 3.145 com que a Facim finalizou a edição de 2014.
Macaringue referiu porém que a Facim já enfrenta dificuldades para acolher mais inscrições e o Ipex chegou a recusar um pedido tardio da Índia, sustentando que todos os elementos apontam para que a feira esteja "a crescer em todas as dimensões".
Desde que a Facim se mudou, em 2011, da baixa de Maputo para Marracuene, nos arredores da capital, a organização apostou na massificação, "porque era importante mostrar que o novo local era viável", mas as edições futuras deverão apostar em critérios mais apertados para os participantes.
"Como já há uma grande movimentação em torno da Facim, chegará a altura em que diremos que são todos bem-vindos, mas haverá critérios de elegibilidade para que venha aquilo que verdadeiramente espelha a realidade do nosso país", observou.
Outro desafio que se coloca à feira é a demora na substituição das tendas por instalações definitivas para os pavilhões, depois de o Governo, segundo Macaringue, ter redesenhado as suas prioridades e retirado a intenção de servir de garantia a um empréstimo para as novas infraestruturas.
"É uma grande limitação e afeta a própria rendibilidade da Facim", lamentou o presidente do Ipex, considerando que o evento só terá lucro quando forem reduzidas as despesas de montagem e manutenção das tendas e avançarem as novas instalações, com um custo de referência de cerca de 20 milhões de dólares (17,8 milhões de euros).
"Quando tivermos o nosso pavilhão multiusos, o galo cantará mais alto", declarou.