O Estado português endividou-se mais do que o previsto este ano. De acordo com as contas do Diário de Notícias, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública previa um aumento de 18,3 mil milhões de euros em relação ao ano passado, mas o número final acabou por significar um desvio de 6,4 mil milhões.
No total, os cofres públicos deverão aumentar a dívida em cerca de 25,9 mil milhões de euros durante o ano de 2015. A razão é conhecida: o governo realizou mais emissões de dívida pública do que originalmente planeado, para poder antecipar o reembolso ao FMI, substituindo o dinheiro devido ao Fundo por empréstimos com taxas de juro mais baixas.
Em média, a parte do resgate financiada pelo FMI teria de ser paga com juros de 4,8%, uma taxa muito superior aos custos pagos pelo Estado português no mercado de dívida atual. Nas últimas emissões de longo prazo, os investidores aceitaram comprar dívida portuguesa com taxas a rondar os 2%. Nos leilões de prazos curtos, o IGCP conseguiu mesmo colocar títulos a taxas negativas pela primeira vez na história portuguesa.
O reembolso antecipado do empréstimo do Fundo Monetário Internacional deverá permitir, segundo as contas do Ministério das Finanças, uma poupança de 730 milhões de euros nos próximos quatro anos. No entanto, a dívida do Estado arrisca uma derrapagem, podendo ficar acima da meta de 124,2% do PIB no final de 2015.