Ricciardi classifica Banco de Portugal de "acusador e justiceiro"

O advogado de José Maria Ricciardi classifica o Banco de Portugal (BdP) de "acusador e justiceiro", reagindo à decisão do supervisor de aplicar contraordenações aos administradores do BES "por igual".

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Lusa
16/10/2015 14:11 ‧ 16/10/2015 por Lusa

Economia

BES

Em resposta à acusação num processo de contraordenação do BdP sobre o Banco Espírito Santo Angola (BESA), em que são acusados vários ex-administradores do Banco Espírito Santo (BES) e Espírito Santo Financial Group (ESFG), entre os quais José Maria Ricciardi, e noticiado hoje pela imprensa, o advogado do atual presidente da Haitong (ex-BESI) frisa ser "absolutamente falso" que José Maria Ricciardi tivesse tido conhecimento "de irregularidades praticadas no BESA nos exercícios anteriores a 2014".

Para a defesa de José Maria Ricciardi, o BdP "faz, lamentavelmente, uma gestão política dos processos contraordenacionais, visando camuflar as responsabilidades que lhe são atribuíveis, de forma a esconder que estava ao seu alcance determinar o afastamento do dr. Ricardo Salgado desde dezembro de 2013", conforme preconizava o atual presidente da Haitong.

Pedro Reis, o advogado de José Maria Ricciardi, sublinha em comunicado que "não cabia" ao seu representado "o pelouro do relacionamento com o BESA, nem foi alguma vez chamado a intervir na atividade dessa subsidiária", sendo que "os dados oficiais transmitidos através dos órgãos institucionais do BESA, não suscitavam, em termos objetivos, quaisquer dúvidas ou incertezas sobre a legalidade, rentabilidade e integridade da 'governance'".

Além disso, Pedro Reis refere que José Maria Ricciardi "não participou em nenhuma Comissão Executiva do BES desde abril de 2013 até junho de 2014, que aprovasse, reforçasse ou renovasse qualquer linha de crédito ao BESA".

O advogado acusa ainda o BdP de omitir "de forma grave o conhecimento de que dispunha sobre a impossibilidade de avaliação da carteira de clientes do BESA, dado tais elementos serem considerados confidenciais pelo Banco Nacional de Angola".

Pedro Reis termina o comunicado afirmando que as acusações contra José Maria Ricciardi "e os prejuízos que elas acarretam terão a devida resposta em sede própria".

A imprensa noticia hoje que Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi, José Manuel Espírito Santo, Amílcar Morais Pires, Joaquim Goes e outros 11 administradores do BES e da ESFG foram notificados pelo BdP em processos de contraordenação porque "sabiam e permitiram" várias irregularidades na gestão do BESA.

Os advogados de Ricardo Salgado já reagiram e acusam o BdP de pretender "aplicar coimas de milhões de euros, seguindo trâmites simplistas de coimas de trânsito".

Além das coimas, os administradores podem ficar impedidos de exercer cargos de gestão na banca, segundo o Diário de Notícias, acrescentando que os arguidos têm 30 dias para apresentar a sua defesa.

A acusação estende-se às instituições ESFG, BES e BESA, sendo que o supervisor considera que "o sistema de controlo interno da ESFG revelava-se incapaz de assegurar o cabal cumprimento dos deveres que lhe cabiam na qualidade de empresas-mãe do grupo" e que essa conduta é imputável com dolo a Gherardo Laffineur Petracchini, José Castella e José Caldeira da Silva, administradores com responsabilidades na gestão corrente da instituição.

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