O Estado arrecadou 300 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro (BT) a três meses em troca de uma taxa de juro negativa de -0,021% (-0,013% no leilão anterior realizado em agosto), mais 1.100 milhões de euros em BT a 11 meses contra um juro médio de 0,06% (0,021% em agosto).
A emissão superou a expetativa inicial de 1.250 milhões de euros, com a procura a manter-se forte, dentro do que têm sido os valores médios, segundo a análise do diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, Filipe Silva.
"Numa leitura mais analítica diria que o impasse na formação do governo, que pode estar a ter impacto nas ações, não tem efeitos no mercado de dívida pública. Enquanto o Banco Central Europeu continuar o seu programa de 'Quantitative Easing', garantindo a compra de dívida aos países, os investidores não receiam comprar", justificou.
No caso das BT a três meses, que vencem a 22 de janeiro de 2016, a procura superou 3,37 vezes a oferta, enquanto nas BT a 11 meses, com vencimento a 23 de setembro de 2016, a procura ultrapassou a oferta 1,84 vezes.
Para o gestor do banco Big, Steven Santos, "os resultados extremamente positivos revelam que os investidores mantêm a confiança nos fatores fundamentais da economia portuguesa, apesar de ainda não ter sido formado governo, mais de duas semanas depois das eleições" e mantêm o interesse na dívida nacional.
Além disso, "o 'timing' da operação foi oportuno, na medida em que só a Alemanha emitiu obrigações a dois anos (Schatz) no mercado primário" e Portugal não teve, por isso, de enfrentar a concorrência doutros países periféricos no mercado europeu de dívida soberana.
Steven Santos salienta ainda "a procura dos investidores por rendimento, por mais baixo que possa parecer" e lembra que voltar a captar financiamento a juros negativos não era indispensável para o sucesso desta operação.
"O objetivo principal deste leilão duplo era substituir os títulos de curto prazo próximos da maturidade, como os 1.404,84 milhões de euros que vencem a 20 de novembro e os 842.622 milhões de euros que vencem a 18 de dezembro", explicou.
O IGCP espera arrecadar até 3.750 milhões de euros em Bilhetes de Tesouro até ao final do ano, emitindo entre 1.000 e 1.250 milhões de euros uma vez por mês.