"Estamos hoje a atravessar a maior e mais dramática crise de sempre. O setor está à beira do colapso, estamos na iminência de perder nos próximos dias 50% da produção nacional e de lançar no desemprego centenas de famílias", avisou hoje no parlamento o vice-presidente da Federação, David Neves.
O responsável da Federação, que foi ouvido na Comissão de Agricultura e Mar, defendeu que este "momento exige a tomada de medidas urgentes para a salvaguarda deste tecido produtivo", sob pena de Portugal aumentar ainda mais a sua dependência externa.
No imediato, e para evitar o colapso da fileira - cujo nível de aprovisionamento atual é de 60% -, "é fundamental que o preço pago aos suinicultores [portugueses] possa aumentar para os níveis daquilo que recebem os nossos parceiros espanhóis", advogou David Neves.
O vice-presidente da Federação atribuiu a responsabilidade do colapso iminente à indústria da carne de porco e à grande distribuição e denunciou "a lógica especulativa da própria indústria nacional sobre esta matéria", prejudicando assim os preços praticados.
A crise no setor já vem de trás, segundo a Federação, e deve-se a vários fatores, nomeadamente, "ao excesso de produção da União Europeia e ao embargo russo, que trouxeram problemas à produção nacional".
"O facto de os produtores nacionais estarem hoje a vender os animais ao preço mais barato da Europa, não é por falta de competitividade, mas devido à política da grande distribuição que faz ações de marketing à custa da produção nacional. Como? Ou esmagando os preços ou por práticas de dumping permanente", frisou ainda David Neves.
Face às preocupações da Federação manifestadas perante os deputados que integram a comissão parlamentar, o deputado social-democrata, Maurício Marques, revelou que o grupo parlamentar do PSD vai requerer a audição da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) sobre a matéria.