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Onde andam os antigos poderosos da banca após os escândalos?

Os últimos anos têm sido marcados por mudanças na banca.

Onde andam os antigos poderosos da banca após os escândalos?
Notícias ao Minuto

13:35 - 14/01/16 por Notícias Ao Minuto

Economia Setor

Com 2015 à beira do fim, o Banif entrou para uma lista onde antes já tinham entrado, por razões diferentes, bancos como o BPP, o BPN ou o BES. Mas não é só ao nível das instituições que o setor bancário em Portugal foi alvo de mudanças nos últimos anos. Também muitos rostos mudaram.

Com a queda de um banco caem também figuras de relevo. Alguns veem-se obrigados a refazer a vida noutros negócios. Outros há que, pelas suas ligações à política, viram a sua carreira viver mudanças. E há até quem ainda esteja envolvido em processos judiciais. A revista Visão que saiu esta quinta-feira para as bancas recorda-nos onde andam alguns dos antigos poderosos da banca após os escândalos.

Armanda Vara já foi ministro e administrador da Caixa Geral de Depósitos. O processo Face Oculta trouxe o seu nome de volta para a ribalta, mas pelas suspeitas. Atualmente, aguarda ainda por decisões judiciais. Já os seus negócios pessoais, muitas vezes dependentes de viagens ao estrangeiro, têm estado a meio gás na sequência de decisões da Justiça. Primeiro, estava impedido de sair de casa. Depois, já em liberdade, continuou a ser impedido de sair do país, o que não lhe facilitou os negócios.

Dias Loureiro foi ministro nos dois governos de Cavaco Silva. A queda do BPN e as suspeitas em torno da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) trouxeram o seu nome de volta à ribalta. Após o fim do BPN, em 2009, acabou por ser constituído arguido. O processo ainda não terminou mas à Visão realça que a sua vida “não se divide em antes e depois da SLN”. Atualmente, passa muito tempo fora do país, seja a tratar de negócios, seja “a gozar os prazeres de uma família que já é grande e muito feliz”.

Filipe Pinhal integrava a administração do BCP. Foi figura próxima de Jardim Gonçalves e chegou a suceder a Paulo Teixeira Pinto. Acabou condenado a pena suspensa e a quatro anos sem poder exercer cargos de topo em instituições financeiras, além de ter uma indemnização de 300 mil euros. Atualmente, tem-se dedicado a uma empresa imobiliária com os filhos. Compra e vende imóveis de luxo e os seus principais clientes são estrangeiros com vistos gold.

Henrique Granadeiro, ex-chairman da PT, foi durante vários anos elogiado pela sua gestão, estando próximo do poder. O gestor acabou caído em desgraça por um negócio que, sendo de uma operadora de telecomunicações, acabou por se integrar na ‘derrocada’ provocada pelo fim do Grupo Espírito Santo (GES). Foi ele um dos decisores do investimento ruinoso em papel comercial (897 milhões de euros) numa holding falida e sem retorno do GES. A sua vida financeira já não será tão desafogada como noutros tempos. Atualmente dedica-se também à produção de vinho e procura apoios para outros projetos agrícolas, dá conta a mesma publicação.

Aos 80 anos, o antigo banqueiro Jardim Gonçalves será dos poucos que manteve um vasto leque de amigos após a sua saída da banca. A dada altura impedido de exercer atividade financeira, lançou uma biografia nos últimos anos e tem-se mantido ocupado, entre o trabalho no seu escritório e o acompanhamento da mulher, adoentada. O vinho Infinitude é dele, bem como uma empresa de médicos ao domicílio.

João Rendeiro foi presidente do BPP, um dos bancos cujo fim causou escândalo. Várias figuras públicas perderam dinheiro com o fim do BPP. Já o banqueiro, absolvido no caso Privado Financeiras, aguarda ainda outras decisões judiciais. No entretanto, mantém o seu estilo de vida, é consultor e autor de um blogue, o Arma Crítica, onde fala da atualidade, inclusive do fim de outros bancos (como o Banif, entretanto vendido ao Santander com custos para os contribuintes).

O nome de Oliveira e Costa acabou por se confundir com o escândalo BPN. Está envolvido em vários processos relacionados com o banco que já não existe. Segundo a Visão, continua à espera de decisões judiciais. No entretanto, sai pouco de casa, a sua saúde já não é a melhor e não terá mais de um milhão de euros. As indemnizações pedidas já ultrapassarão o dinheiro que, de facto, tem.

Não é por acaso que escolhemos uma foto de Ricardo Salgado para ilustrar este texto. O antigo ‘Dono Disto Tudo’ exemplifica, como mais ninguém, a queda de um ‘gigante’. O patrão do BES foi durante anos figura influente nos destinos do país. Mas a queda do GES e do banco que geria causaram danos colaterais um pouco por todo o lado. A última vez que as câmaras o captaram ia votar, em dia de legislativas. Foi logo pela manhã, evitando grandes concentrações de pessoas. Em Cascais, leva uma vida discreta. Vai à missa na capela da família e mantém-se longe dos holofotes. No entretanto, prepara a sua defesa.

De Zeinal Bava os portugueses dificilmente esquecerão o momento em que foi confrontado, na comissão de inquérito parlamentar, pela deputada bloquista Mariana Mortágua: afinal de contas como é que um gestor em tempos eleito o melhor no seu setor na Europa tinha dado aval a um negócio tão ruinoso que custou 897 milhões de euros à PT? O ex-presidente da Oi e da PT SGPS deixou o setor em Portugal mas aproveitou o facto de ter um filho a estudar em Londres para voltar a dedicar o seu tempo à City londrina. É lá que mantém a sua ligação às telecomunicações.

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