Em frente à sede da CP Carga, na Avenida da República, em Lisboa, onde esta manhã se iniciou o protesto que juntou cerca de três dezenas de representantes dos trabalhadores da empresa de transporte de mercadorias, o coordenador da SNTSF explicou que está já agendada uma reunião com os novos patrões, proposta por ambas as partes quase em simultâneo.
Nessa reunião, agendada para terça-feira, às 14:00, o dirigente sindical quer ouvir os planos do grupo suíço para a empresa que até à semana passada pertencia ao grupo CP e "levantar as questões que são prementes para os trabalhadores, como os salários, as carreiras profissionais".
"Com o novo patrão não vamos discutir o negócio, porque isso é da responsabilidade do Governo", disse à agência Lusa José Manuel Oliveira, criticando a falta de coragem política do executivo liderado por António Costa, que durante a campanha eleitoral para as legislativas chamou a atenção para a falta de transparência do negócio.
Com o mote "o público é de todos. O privado é só de alguns", a comitiva seguiu para o Tribunal de Contas, também na Avenida da República, organismo a que fizeram chegar "inúmeras situações irregulares e ilegais", entre as quais "a venda por dois milhões depois do Estado ter capitalizado a empresa em mais de 116 milhões de euros".
"A CP Carga deve ser uma empresa pública, estratégica ao serviço do país. Além disso, vamos continuar a manifestar junto dos órgãos soberania o nosso descontentamento e a chamar a atenção para a envolvência do negócio, que é prejudicial para o país", disse à Lusa José Manuel Oliveira.
Para o dirigente sindical, "é importante que o país conheça todos os contornos destes negócios para perceber o quadro nebuloso em que foi desenvolvido".
A ação de protesto terminou na Secretaria de Estado das Infraestruturas, que está instalada provisoriamente no Palácio Foz, nos Restauradores.
O sindicato tinha convocado uma greve para que os trabalhadores da CP Carga pudessem participar na ação de protesto contra a privatização da transportadora ferroviária de mercadorias, mas entretanto, a 20 de janeiro, foi concretizada a venda de 95% da empresa ao grupo suíço MSC, o que levou o SNTSF a cancelar a greve.
O ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, explicou que o Governo não equacionou a reversão do processo de privatização da CP Carga, realçando que a empresa tem acumulado défices operacionais.