"Portugal está muito bem colocado para garantir esse salto, investiu muito em países como o Brasil, Venezuela e Argentina, e abriu agora novas possibilidades de investimento que têm estado a crescer na Colômbia, Chile, Perú, México e Panamá", considerou durante uma conferência de imprensa em Lisboa Rebeca Grynspan, secretária-geral da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB).
Na perspetiva da responsável, o financiamento não constitui o principal obstáculo para um desenvolvimento que desejou ser sustentado, considerando ser necessário ultrapassar o "desconhecimento de alguns dos mercados, conhecer as oportunidades de investimento".
E insistiu: "Portugal tem um conhecimento da região e está muito bem colocado para aproveitar as oportunidades que estão a surgir no espaço latino-americano".
O SEGIB -- responsável pela organização da Conferência Ibero-americana -- inclui os todos os países da América que falam espanhol e português, dois países caribenhos (República Dominicana e Cuba) e três países da Península Ibéria, Portugal, Espanha e Andorra, num total de 22 Estados.
A atual desaceleração da economia mundial implicou neste espaço político e económico um "comércio mais retraído", apesar de se manter o "dinamismo nos investimentos", como assinalou.
"A fronteira atlântica não é apenas uma fronteira de paz, mas também de grandes oportunidades de progresso para a América Latina. É uma grande oportunidade para as empresas. Existe um campo de crescimento, apostamos nos investimentos nos campos mais próximos, infraestrutura, logística, digital e energia. É onde a América Latina aposta para melhorar a sua plataforma produtiva", sublinhou a responsável do SEGIB.
A América Latina, definida como "uma região que se abriu muito ao mundo", também regista uma "desaceleração" que Rebeca Grynspan associou ao recuo do crescimento na China, mas sublinhou que no sul do continente americano, apenas existem hoje dois países com crescimento negativo, o Brasil e a Argentina.
"Os restantes países estão a crescer, mais ou menos entre 2% a 3% ano. Mas não estão a entrar num processo recessivo, é importante dizer. O continente tomou as medidas que necessitava do ponto de vista macroeconómico. A maioria dos países entrou num período de ajustamento fiscal e de desvalorização", assinalou.
O aumento da produtividade foi a receita apresentada para inverter a atual situação.
"A região vai ter de apostar mais fortemente na diversificação produtiva, porque não pode continuar dependente, em particular a América do Sul, das matérias-primas e dos alimentos, tem de procurar uma maior diversificação produtiva", defendeu.
Um maior investimento em ciência e tecnologia foi outro aspeto salientado pela dirigente latino-americana, que recordou o programa de mobilidade académica, que junta estudantes, professores, investigadores, proposta pela sua organização e destinado a apontar nessa direção.
O investimento no mundo digital também foi outro dos projetos que Rebeca Grynspan defendeu para a América latina, e que "tem de passar por alianças público-privadas. Todos os países elaboraram uma lista de investimentos prioritários, que terão um efeito muito importante na produtividade das empresas na região".
Após a conferência de imprensa no Grémio Literário, Rebeca Grynspan foi agraciada com o prémio IPDAL - Vista Alegre, no âmbito da cerimónia do 10º aniversário deste instituto, antes do regresso da sua comitiva a Madrid.