Após uma reunião de cerca de 45 minutos com o ministro das Finanças, o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, referiu que o Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano garantirá que "não é beliscado o rendimento das famílias" e são devolvidos "os salários na administração pública".
Para além disso, concretizou o bloquista, "os salários mais baixos" vão ter mais rendimento, "e isso é um virar de página na política" em Portugal.
"A austeridade é parte do passado", vincou Pedro Filipe Soares, que se escusou a detalhar as indicações do executivo sobre medidas adicionais a incorporar no Orçamento com vista a um aproximar das metas orçamentais e de défice estrutural entre a proposta inicial do Governo e o requisito de Bruxelas.
"Compete ao Governo ter toda a clareza e transparência no envio da informação às pessoas", sublinhou o líder parlamentar do Bloco, que lembrou haver medidas a serem negociadas com o executivo comunitário e portanto "não foi confirmado o que está assente ou ainda a ser negociado, este processo não está terminado".
De todo o modo, Centeno asseverou junto dos bloquistas que as diferenças entre o executivo e a Comissão Europeia serão sanáveis "dentro de poucos dias".
O encontro com uma delegação do Bloco - que integrou, para além de Pedro Filipe Soares, os deputados Jorge Costa e Mariana Mortágua - foi o terceiro de várias reuniões a ter esta manhã entre o ministro das Finanças e representantes dos diferentes grupos parlamentares.
Antes, Centeno esteve reunido com delegações do PAN e do Partido Ecologista "Os Verdes", e a seguir aos bloquistas o governante irá abordar o Orçamento com uma equipa de parlamentares do CDS-PP.
As reuniões, onde também está presente o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, servem para apresentar as linhas gerais da proposta de Orçamento do Estado para 2016.
Tais reuniões têm um caráter habitual em vésperas de aprovação do Orçamento, sendo que a proposta de OE para 2016 deverá ser aprovada na quinta-feira em Conselho de Ministros e dará ao que tudo indica entrada na Assembleia da República na sexta-feira.
O primeiro 'draft' - esboço - do Orçamento tem merecido uma troca de ideias entre o executivo e a Comissão Europeia com vista a um maior aproximar de metas orçamentais, por exemplo.
Na primeira reunião de hoje do ministro das Finanças, o deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) disse que Centeno lhe confirmou a aplicação no orçamento para 2016 de medidas "extraordinárias" sobre o setor automóvel e a banca, o que considerou "importante".
André Silva, parlamentar do PAN, disse que o ministro Mário Centeno vincou na reunião tida esta manhã na Assembleia da República que, para atingir os valores de défice estrutural a que se propõe - e que ainda estarão a ser definidos a 100% com a Comissão Europeia -, irá procurar receitas junto desses "setores mais lucrativos".
Hoje, alguns jornais portugueses dão conta das divergências entre Lisboa e Bruxelas em relação à proposta de Orçamento para este ano e avançaram que o Governo se prepara para "carregar" em impostos sobre a banca, automóveis e combustíveis.