A próxima crise a rebentar nos mercados não será a ‘bolha’ da tecnologia, nem um colapso provocado pela acelerada desvalorização das ações no início deste ano: para Mathew Lynn, o petróleo é a maior preocupação mundial.
O analista financeiro, que escreveu o livro ‘Bust: Greece, The Euro and The Sovereign Debt Crisis, defendeu na sua coluna semanal no site Market Watch que os exemplos da Venezuela e Azerbaijão podem ser seguidos em breve por outros países, bem mais importantes na geografia política e económica.
“O Equador não está em muito melhor estado. A seguir cai a Nigéria”, garante Mathew Lynn, antes de chegar aos nomes mais pesados: Arábia Saudita e Rússia. “As contas da Arábia Saudita nunca foram famosas pela transparência. Mesmo nos números oficiais, o défice do ano passado ficou em 90 milhões de euros; com o preço do petróleo a cair, mesmo com cortes, este ano não deverá ser melhor”, diz o analista, antes de concluir: “Isto significa uma perda de 15% do PIB, um valor que faz a Grécia parecer poupadinha”.
“O défice da Rússia não é tão grande. As projeções do Ministério das Finanças apontam para cerca de 3% do PIB, mas estes números eram baseados no petróleo a 40 dólares por barril, algo que parece agora uma memória distante”, salienta o economista, criticando duramente a estratégia do líder máximo da Rússia: “Vladimir Putin falhou miseravelmente na diversificação e modernização da economia, e deixou o país à mercê dos mercados energéticos. Nada de bom pode resultar disto”.
O elevado grau de financiamento ao setor petrolífero e o investimento público em projetos de energias fósseis eleva o grau de dependência o preço do ‘ouro negro’; um colapso total dos preços coloca os grandes produtores mundiais em ‘xeque’ e faz temer uma falência que coloca em risco a banca e os próprios Estados.
“Grécia, Irlanda e Portugal cambalearam rumo à falência e apanharam a banca no caminho. O mesmo vai acontecer se os grandes exportadores de petróleo afundarem”, prevê Mathew Lynn. “Outra ronda de resgates vai aumentar imenso a fatura para o FMI e Banco Mundial, mas o dinheiro terá de ser encontrado. O essencial é exigir reformas em troca da ajuda. Nenhum país deve ficar dependente apenas da exportação de petróleo em 2016. Quem ficar, deverá encontrar fontes alternativas de crescimento. Se não o conseguirem fazer, talvez seja melhor deixá-los cair.”