A presença prolongada da troika em Portugal, cedo deixou perceber que, e como confirmou ontem o ministro das Finanças Vítor Gaspar, “este exame [o sétimo] foi difícil” e por isso mais “demorado”.
Segundo adiantou ao Expresso uma fonte próxima das negociações, era intenção do actual Governo “fazer uma recalibragem do programa – em prazos e metas – que evitasse que daqui a uns tempos se esteja a rever tudo, outra vez”. No entanto, e apesar de confrontados pela Executivo com a degradação do quadro macroeconómico português (mais desemprego e recessão) e a conjuntura externa, os técnicos da troika foram claros em atribuir responsabilidades ao Governo.
Em primeiro lugar porque não sabe comunicar o que está a fazer, por isso, os técnicos da troika insistiram na necessidade de “explicar, explicar, explicar”. E, em segundo lugar, lembraram que a opção de fazer o ajustamento, sobretudo, pelo lado da receita, foi do Governo português, porque o memorando sugeria 2/3 do lado da despesa e apenas 1/3 do lado da receita. Uma proporção nunca seguida pelo Governo.
Perante este argumento, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, justificou, diz o Expresso, que o objectivo foi ir pelo caminho que garantisse resultados imediatos. A troika aceitou a explicação, mas considera que assim sendo não há razão para surpresas face aos resultados, sublinhando que desde o início ficou claro que: aumentos de impostos e cortes temporários de despesa, não substituíam a necessidade de cortes estruturais e permanentes.