Depois de várias semanas de subidas progressivas que fizeram renascer o medo de uma nova escalada rumo a taxas pré-resgate, os juros da dívida portuguesa estão a aproveitar a ajuda crucial do Banco Central Europeu para entrar em queda livre. O aumento do dinheiro disponível para comprar ativos na zona euro, incluindo dívida portuguesa, teve como consequência um regresso do otimismo e está a levar os investidores a esquecer o contexto político nacional.
Ao longo dos últimos dias, desde o Parlamento ao outro lado do mundo, têm-se multiplicado os receios de um regresso ao difícil contexto anterior ao resgate do BCE, FMI e Comissão Europeia, mas no espaço uma hora, tudo mudou. O discurso de Mario Draghi onde foi anunciado o corte das taxas de juro e o aumento do montante do programa de compra de dívida provocou um colapso nas taxas de juro, que desceram mais de 7% a dez anos e mais de 8% a cinco anos entre as 12h30 e as 13h30.
Com o passar dos minutos, a tendência equilibrou-se, mas ainda assim as quedas a cinco anos estão acima dos 5% em relação ao valor de abertura e a dez anos já ultrapassam os 4%, tendo em conta as trocas entre investidores.
O regresso musculado do Banco Central Europeu aos mercados de dívida permite que Portugal respire fundo e afasta definitivamente os fantasmas de um novo resgate que pareciam estar a regressar. O aumento das taxas de juro das Obrigações do Tesouro de médio e longo prazo no leilão de ontem parece estar esquecido e regressam os custos de financiamento do início de fevereiro.
[Notícia atualizada às 14h45]