Uniplaces: A empresa portuguesa que 'invadiu' o mercado

A Uniplaces é uma empresa portuguesa que já obteve um investimento de 30 milhões de euros. Para motivar os funcionários o que fazem? Oferecem dias de férias ilimitados, fim de semana da empresa, opções de carreira e muito mais. Fique com a história deste português e dos seus dois amigos.

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Zahra Jivá
27/03/2016 08:05 ‧ 27/03/2016 por Zahra Jivá

Economia

Empresas

Miguel Santo Amaro faz parte da nova 'era' de empreendedorismo português. O percurso de Miguel começou a "desenhar-se aos 18 anos". Depois de completar o secundário no Colégio Luso-Internacional do Porto, foi para Inglaterra estudar Finanças e Gestão na Universidade de Nottingham.

É um dos principais rostos da Uniplaces, a empresa destinada a ajudar jovens internacionais a encontrar alojamento.

Uma vida completa de emoção

Desde cedo traçou o seu caminho. “Queria trabalhar em consultoria ou na banca de investimento, mas já então pensava em criar a própria empresa, como o pai, empresário do imobiliário e da construção civil”, explica ao Notícias Ao Minuto.

Com 26 anos, o empreendedor mostra-se aventureiro e proativo. “Subi o Kilimanjaro para angariar fundos para construir uma aldeia na Tanzânia. Depois fui para os Estados Unidos”, relata.

Miguel inscreveu-se no mestrado em empreendedorismo global no Babson College, no Massachusetts, uma das mais prestigiadas escolas de negócios dos Estados Unidos. Foi lá que o seu caminho se cruzou com Ben Grech, um dos fundadores da empresa.

O seu percurso é impressionante. Como parte do curso, estudou e estagiou em França e na China, onde conheceu Mariano Kostelec, amigo de Ben. “O terceiro mosqueteiro da Uniplaces”, é assim que Miguel o caracteriza.

“Em setembro de 2011 reunimo-nos no Porto e começamos a trabalhar no projecto UniPlaces, que se mudou de armas e bagagens para a capital, em janeiro, e montou casa na incubadora de empresas da Rua da Prata, a Startup Lisboa”, explica.

Queriam criar um negócio juntos, na Europa. “Sabíamos que havia grandes oportunidades. São 28 Estados-membros, 540 milhões de pessoas, é quase o dobro do mercado americano”, indica ao Notícias Ao Minuto.

Antes de chegarem a Lisboa estiveram três meses a viver na casa de férias dos pais de Miguel, em Viana do Castelo, para delinear um conceito. Analisaram o mercado das viagens, o modelo da Airnbn (reserva online de alojamento em casas particulares), acabando por desistir da ideia.

A Uniplaces surgiu através de uma "faísca"

A “faísca” acendeu-se com as dificuldades que Ben e Mariano sentiram para arranjar uma casa no Porto. “A ideia detonou” quando um amigo de Miguel, Francisco Silva, lhe pediu ajuda para dar uma mão a alunos que não conseguiam encontrar alojamento. “Percebemos que havia ali potencial: era um mercado com mais de 160 milhões de consumidores em todo o mundo que todos os anos gastam cerca de 500 mil milhões de dólares (450 mil milhões de euros)”, refere.

“Só em Portugal, o negócio valia perto de 250 milhões de euros. Era um bolo demasiado apetecível”, adianta.

A equipa não para de crescer

“Agora somos uma equipa de 140 colaboradores e contamos ser 200 colaboradores até ao final de 2016”, afirma, acrescentando que a média dos trabalhadores tem cerca de 27 anos.

Mas uma empresa é feita de pessoas. São elas que trazem o sucesso. É neste conceito que se baseia e é por isso que ele e os seus dois amigos apostam na motivação.

Os funcionários são motivados com o “desafio e o crescimento profissional”. “Todos têm muita autonomia em tomada de decisões desde o primeiro dia em que começam a trabalhar connosco. Além disso usufruímos de um ambiente muito relaxado”, garante, explicando que na empresa não existe dresscode.

Têm uma zona onde dispõe café, vending machines, ping pong, chuveiros, aulas de ioga, massagens, parceiras com ginásios, dias de férias ilimitados, fim de semana da empresa, opções de carreira, sessões de formação, e muito mais. “O nosso escritório é espectacular e fica na Estação do Rossio”, sublinha.

Mas nem sempre estiveram no Rossio, antes de se mudarem ocuparam um espaço no Bairro Alto, mas este ficou pequeno demais para o projeto que crescia a olhos vistos.

Tanto que foi reconhecida pelo primeiro-ministro, António Costa que fez questão de estar presente na inauguração do novo espaço, deixando rasgados elogios à empresa.

A crise que pode ser o "catalisador"

Para o empreendedor, “as crises criam situações de oportunidade e quando aliadas a um mercado de trabalho impenetrável para tantas acaba por funcionar como um catalisador para começar novos negócios. Acresce ainda que o mercado em que a Uniplaces opera está, apesar da crise, em franco crescimento a nível nacional e internacional”.

“Agora estamos apenas focados em crescer e ser o player nº1 neste mercado, não estamos a considerar outras alternativas”, adianta.

É para o número 1 que trabalham, sendo que em novembro, a empresa angariou cerca de 22 milhões de euros de financiamento, numa operação de grandes dimensões. Em 2016, Miguel admite que a empresa já chegou aos 30 milhões de euros em termos de investimento e que 2016 será "certamente um ano decisivo".

Entre os investidores estão o fundo Atomico, criado por um dos fundadores do Skype, e o britânico Octupus, bem como investimentos portugueses: a Caixa Capital (da Caixa Geral de depósitos), a Shilling Capital Partners e os investidores António Murta (do fundo Pathena) e Henrique de Castro (ex-diretor de operações do Yahoo).

Atualmente, a Uniplaces opera em 39 cidades, incluindo várias capitais e boa parte das mais importantes cidades académicas da Europa. 

Conselhos para jovens empreendedores

Sem sombra de dúvidas que Miguel já provou que veio para ficar. E por ter um 'know out', a pedido do Notícias Ao Minuto deixou alguns conselhos a jovens portugueses que queiram abrir os seus negócios.

“Encontra uma equipa sólida – a base do sucesso não são as ideias mas sim as pessoas certas e modo como elas trabalham em conjunto. Foca-te num mercado grande e global”, explica.

Quanto ao produto, “deve-se ir testando constantemente e procurando feedback do mercado. Relativamente a financiamento, o melhor será ‘bootstrap’ no início e tentar ir o mais longe possível com o mínimo de recursos. Quando se tiver um produto testado e com tração, então aí poderá fazer sentido procurar investimento externo para acelerar o crescimento”.

Para os ‘first-time founders’, “aconselho a candidatarem-se a uma incubadora e/ou aceleradora para beneficiarem do ecossistema e tentarem evitar muitos dos erros que se cometem na criação da primeira empresa (cometem-se muitos!)”.

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