É já amanhã que os dirigentes financeiros do Banif vão ser ouvidos na comissão de inquérito parlamentar. O objetivo é descobrir o que se passou no banco para justificar a queda de mais uma entidade portuguesa tão pouco tempo depois do que aconteceu com o BES.
Na ótica de Francisco Louçã, exposta no tempo de antena da TVI, o atual estado da Banca é fruto de “uma tempestade perfeita” composta por três fatores: “a incompetência da supervisão”, “as imparidades” e a “pressão política do Banco Central Europeu (BCE)”.
Sobre o primeiro aspeto, o antigo líder do Bloco diz que “a irresponsabilidade atingiu os limites da indecência”, referindo-se tanto ao Governo como ao Banco de Portugal, lembrando que “durante um ano, Portugal teve informações sobre as dificuldades no império Espírito Santo e devia ter atuado a tempo”. Se evita intervir no Banif porque há uma campanha eleitoral em curso, significa que está a desprezar as suas funções de supervisão”, acrescenta.
Quanto ao segundo ponto, o economista diz não perceber como Portugal chegou ao ponto de ter “40 mil milhões de imparidades”, ou seja, ativos cujo valor não era verdadeiro. “São jogos contabilísticos, são facilidades e a conexão que a Banca portuguesa teve com o triângulo da construção civil e do imobiliário”, explicou.
Por fim, as responsabilidades que competem ao Banco Central Europeu, que Louçã diz ter agido “sem proteger a Banca portuguesa e com muitos jogos de estratégia de poder”.
“O BCE, percebendo que há dificuldades de financiamento de capital no Santander, decidiu injetar o Banif no Santander para resolver esse problema”, apontou, terminando o comentário com uma pergunta tanto retórica como irónica: [O Santander] comprou o Banif a 19 de dezembro e no dia 31 registou um lucro de 190%, tudo em 11 dias. Não está mau, pois não?”.