Chefe da troika desapontado com Portugal

O chefe da missão do FMI, Abebe Selassie, considera muito desapontante o facto dos preços da eletricidade e das telecomunicações não terem descido e que esta questão é importante para garantir que os sacrifícios são repartidos de forma justa.

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Lusa
25/03/2013 06:24 ‧ 25/03/2013 por Lusa

Economia

Abebe Selassie

Em entrevista à Lusa por telefone a partir da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, Abebe Selassie, volta a demonstrar algum desalento das instituições internacionais sobre as reformas no mercado de produto e, apesar de elogiar a tentativa do Governo, diz que a troika vai estar atenta aos desenvolvimentos nestes sectores e se necessário revisitar o que já foi feito.

"Penso que o principal objectivo para os preços da electricidade, das telecomunicações e de outros sectores não transaccionáveis é se estão em linha ou começam a cair à medida que a concorrência aumenta ou a procura diminui. Até agora não o estamos a ver e isso é muito desapontante. Se não responderem às condições económicas penso que definitivamente teremos de olhar para o que o se passa e revisitar as reformas", afirmou o responsável máximo da equipa do FMI para Portugal.

Abebe Selassie admite que a missão esperava que as reformas fossem mais profundas, como estava inicialmente previsto nesta matéria e como por várias vezes referiram nos comunicados finais das revisões, mas ainda assim diz que o Governo fez o que pode com as limitações que tinham.

"Um primeiro conjunto de reformas foi acordado e realizado ao abrigo do programa no ano passado. Não foram até onde gostaríamos que tivessem ido, mas o Governo tentou fazer o máximo que podia face a todas as considerações que tinha de tomar", disse.

O FMI diz que irá continuar a analisar o resultado das reformas que já foram implementadas e diz mesmo que para que Portugal precisa de ter uma economia muito competitiva e dinâmica, e neste campo, as empresas destes sectores têm de dar o seu contributo.

Ao mesmo tempo, "reduzir o défice orçamental, conter a dívida, estes objectivos abrangentes do programa, têm de continuar no caminho certo, o programa tem de continuar no caminho certo", afirmou Abebe Selassie, em entrevista por telefone a partir da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.

O responsável explicou que os técnicos usaram uma boa parte do tempo desta revisão em discussões com o Governo sobre a revisão da despesa pública e os cortes que serão necessários do lado da despesa para os próximos orçamentos de forma a serem consistentes com as novas metas do défice.

"O que nós discutimos foi a forma como a revisão da despesa seria implementada nos próximos meses e anos. O que o Governo tornou claro foi que iriam consultar os parceiros sociais e políticos para chegar a uma versão final das reformas na despesa que têm em mente. Esse processo vai ter lugar nas próximas semanas", explicou.

Questionado sobre o que estaria em cima da mesa em termos de cortes, o responsável explicou que o que foi discutido com o Governo foi o plano para a implementação desses cortes e da reforma do Estado, algo que vê a demorar ainda muitos anos.

Ainda assim, Abebe Selassie admite que a troika' sperava mais detalhe quanto a estes dossiês, mas diz que é "compreensível que o Governo precise de um pouco mais de tempo que o esperado".

Em entrevista à agência Lusa, Abebe Selassie, explica ainda que uma das grandes motivações da revisão das metas do défice para este ano, para 2014 e para 2015 - que na prática acaba por resultar em mais um ano para reduzir o défice para menos de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) - se deve em grande parte à necessidade de evitar colocar mais pressão sobre o emprego.

"O resultado do desemprego é muito infeliz, é mesmo muito pior que o esperado. É exactamente devido a isto que as metas do défice estão a ser revistas, devido à preocupação de tentar evitar mais pressões sobre o emprego", afirmou numa entrevista por telefone a partir da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.

"Penso que a única forma duradoura de criar os empregos, que Portugal tão desesperadamente precisa, é realmente tentar completar o processo de ajustamento tão rápido quanto possível, e estabelecer as bases para o crescimento sustentável. Não podemos perder de vista que o principio base do programa é fazer regressar Portugal a uma situação fundamentalmente melhor do que a que estava quando a crise começou", acrescentou.

O responsável considera ainda que "não existe muito mais a ser feito ou que não esteja a ser pensado para tentar estimular o crescimento", mas que existem algumas reformas mais específicas que ainda estão a ser trabalhadas e podem ser potenciadas, como é o caso do IRC. Neste ponto, diz que houve uma série de discussões com o Governo, que muito trabalho foi feito, mas que "a bola agora está do lado do Governo".

 

 

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