José Tavares, que falava numa conferência sobre patriotismo e exílio fiscal, em Lisboa, afirmou que "devia haver um montante de impostos que substitua os impostos nacionais e que seria cobrado pela União Europeia", acrescentando, no entanto, que "as instituições europeias têm pavor disto".
Já à margem da iniciativa do Instituto de Direito Económico, Financeiro e Fiscal (IDEFF), José Tavares explicou à agência Lusa que a ideia "nunca seria aumentar impostos", mas antes "baixar os impostos em cada Estado nacional e aumentar a parte europeia para financiar bens públicos comuns europeus".
O exemplo apontado pelo economista foi a entrada ilegal de imigrantes em Itália, considerando que este é um problema da Europa e não de Itália, pelo que os custos deviam ter sido suportados por todos os Estados. Mas, para isso, "a Europa precisa de mais recursos".
Além disso, acrescentou o economista da Universidade Nova de Lisboa, há ainda o sentimento de identificação e a aproximação dos cidadãos europeus à Europa.
"Se as pessoas virem na sua declaração de impostos um valor europeu, vão exigir aos seus deputados europeus que funcionem de outra maneira. Ia haver uma maior aproximação e uma maior identificação dos cidadãos da Europa à Europa", disse.
Sublinhando que "a imagem que os cidadãos têm da Europa é uma série de mecanismos e de reuniões", José Tavares disse, na sua intervenção no debate, que "falta alma e falta pensamento à Europa".
Para o economista, "é muito importante ter uma figura importante mas com capacidade de acção limitada, que as pessoas tenham capacidade de amar e de odiar", porque "se a Europa não perceber que precisa de mais irracionalidade, não vai existir Europa".
Em relação a Portugal, José Tavares criticou as elites políticas, que são "muito acomodadas e mudaram pouco nos últimos anos" e disse que, se a classe política não mudar, Portugal "poderá ir pelo caminho de Espanha ou da Grécia, em termos de violência".