De visita a Portugal, Paul Krugman ficou inspirado para escrever sobre a situação da economia europeia na sua coluna semanal no New York Times. Num artigo intitulado 'A economia diabética', o famoso economista norte-americano voltou a arrasar a teoria de uma recuperação baseada em políticas de contenção orçamental e garantiu que é necessária uma mudança radical para apagar anos de austeridade.
"Não é difícil de ver o que a Europa devia fazer para curar as suas doenças crónicas", afirma Paul Krugman, antes de explicar a receita a seguir: "Há enormes necessidades sem resposta de infraestruturas e os investidores estão praticamente a implorar aos governos que aceitem o seu dinheiro".
"Os argumentos favoráveis ao investimento público, especialmente na Alemanha – mas também em França, que está em muito melhor estado orçamental do que os seus próprios líderes pensam – são esmagadores (…) e há razões para acreditar que mais dinheiro gasto no centro da Europa traria benefícios aos países periféricos", assegura o Prémio Nobel da economia.
No entanto, admite Krugman, o final da austeridade parece estar "politicamente fora de questão" e as grandes economias europeias continuam a pressionar o Banco Central Europeu, "a única grande instituição europeia que parece ter noção do que está a acontecer".
O economista norte-americano assume que os sinais de crescimento são positivos - "por uma vez, cresceram mais que os Estados Unidos" - mas os desequilíbrios estruturais continuam a preocupar. Neste aspeto, Portugal serve de exemplo negativo: "O desemprego ainda está em níveis que provocam enormes danos humanos, sociais e políticos".
Ainda assim, garante o Nonte o Nobel da economia, nem tudo é mau em Portugal: "As coisas em Portugal estão terríveis. Mas não tanto como há um par de anos".