A manhã nos mercados não correu tão bem como o esperado para a dívida portuguesa. Uma emissão a 10 anos, anunciada esta semana pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), terminou com sucesso relativo: o valor pretendido foi ultrapassado devido ao elevado interesse dos investidores, mas os juros aumentaram em relação à última emissão do mesmo prazo.
No total, o IGCP conseguiu vender 1,15 mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro, mais 150 milhões do que o previsto, com uma taxa de juro média de 3,252%; na última emissão comparável, realizada a 9 de março, a taxa tinha sido de 3,13%. O aumento dos custos de financiamento traduz um 'cartão amarelo' vindo dos mercados, preocupados com a estratégia de devolução de direitos aos contribuintes delineada no Orçamento do Estado para este ano.
Ainda sem acordo para resolver o futuro da Grécia e com o Procedimento por Défices Excessivos sem encerramento à vista, o contexto não parece ser particularmente favorável a uma queda dos custos de financiamento a 10 anos, mesmo com o BCE a comprar dívida com o programa de 'quantitative easing'.
Para Filipe Silva, do Banco Carregosa, a subida dos juros não é ainda assim preocupante e segue os exemplos vindos do estrangeiro: "Foi um leilão que correu dentro do esperado, com a taxa em linha do que se faz no mercado secundário".
"Correu sem qualquer problema, talvez por isso se tenha optado por emitir um pouco acima do previsto inicialmente", afirma o diretor de gestão de ativos, antes de explicar o porquê de não existirem preocupações com as Obrigações do Tesouro. "A 'yield curve' da dívida portuguesa não mostra qualquer tipo de stress com Portugal e os investidores aproveitam as oportunidades não só na dívida pública portuguesa como também na dívida das empresas portuguesas".
[Notícia atualizada às 11h35]