Pedro Passos Coelho, que discursava num encontro com os Trabalhadores Sociais-Democratas, no âmbito do 1.º de Maio, deixou vários avisos implícitos ao PS e advertiu que se os "erros" do passado não forem "reparados", com "uma maneira de estar no país com outra responsabilidade", estamos "condenados a repetir uma dor social igual ou maior".
O chefe do Executivo e presidente do PSD afirmou ainda que "no tempo de grandes progressos" do Estado social e do desenvolvimento "muito tinha um carácter artificial": "Julgávamos que tínhamos atingido um patamar de grande desenvolvimento mas de repente descobrimos que havia uma grande ilusão associada a tudo isso".
Passos Coelho referiu-se ao Documento de Estratégia Orçamental aprovado em Conselho de Ministros, que prevê a evolução da despesa pública até 2017, para dizer que é sua obrigação "programar a evolução das despesas de modo a que os impostos possam cobrir as despesas" e que "não pode ser de outra maneira".
"É impossível não notar dois factos, que desde que vivemos em democracia nunca conseguimos registar um excedente orçamental, anos após ano o Estado gastou mais do que tinha para cobrir essa despesa, todos os anos os portugueses viram o Estado criar dívida e endividar-se, pagando juros dessa dívida para cobrir a despesa interna", acrescentou.
"Não houve um único ano em que o que ganhámos tivesse dado para a despesa e nunca houve ninguém que tirasse daqui uma confusão lógica", lamentou.
Passos admitiu que "as pessoas podem discordar, mas não há o direito que os governos mintam às sociedades e criem expectativas que não são capazes de satisfazer".
"Por isso é que tenho insistido na ideia de que seja o Governo de esquerda, do centro ou de direita não pode deixar de pugnar para que no médio prazo o Estado tenha um orçamento equilibrado, podem fazer as políticas como entenderem, mas no fim as contas têm de bater certo", afirmou.
Neste contexto, o líder social-democrata assinalou que "fazendo as contas à despesa, quase 78% do que o Estado gasta são salários, transferências sociais e juros da dívida pública" e que para "ter algum equilíbrio é impossível não olhar para estes agregados".
"É uma demagogia inaceitável vir dizer que haveremos de cumprir as nossas obrigações e respeitar os compromissos sem diminuir a despesa, pode ser dito, mas é uma demagogia", observou.