No relatório ‘Portugal: Reformar o Estado para promover o crescimento’ divulgado esta terça-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), da qual Portugal é membro, sublinham-se as reformas implementadas pelos recentes Governos ao longo dos últimos anos, que permitiram ao país melhorias significativas nos resultados dos testes PISA 2009 em áreas como a leitura, matemática e ciência.
A OCDE refere também que alterações curriculares, mais horas de aulas nas disciplinas centrais e a introdução de exames em cada final de ciclo a Português e Matemática são exemplos de medidas que a instituição considera que foram tomadas no sentido de melhorar a prestação dos estudantes portugueses e reduzir as repetências de ano e o abandono escolar.
No entanto, a organização considera que permanece uma “importante questão de equidade” associada ao abandono escolar, fortemente baseada na origem socioeconómica dos alunos, e uma “elevada taxa de repetência”, que a OCDE entende que devia ser combatida por ser “ineficaz e cara”, estimando o seu custo para o país em cerca de 10% do investimento total anual na educação.
“Oferecer tempo extra de aulas para os alunos com mais dificuldades e ter em linha de conta as suas necessidades, permitindo-lhes que acompanhem o ritmo dos seus colegas, é uma solução muito melhor para apoiar os que têm dificuldades do que a repetição de ano”, defende a OCDE no relatório.
A organização recomenda também a Portugal uma aposta na avaliação contínua, sugerindo o acompanhamento pessoal e de grupos ao longo do tempo como forma de definir políticas educativas mais adequadas ao combate do insucesso escolar e melhorar os resultados dos alunos com origens mais desfavorecidas.
A OCDE refere ainda que as mais novas gerações em Portugal estão hoje a entrar no mercado de trabalho com mais escolaridade do que as anteriores, mas ainda assim, os 32% de portugueses entre os 25 e os 64 anos de idade que tinham formação superior em 2010 ficavam muito abaixo da média da OCDE, que para a mesma faixa etária apresentava taxas de 74%.
No relatório faz-se ainda uma diferenciação entre qualificações – grau de escolaridade - e competências – capacidades técnicas -, referindo-se sobre Portugal que os mais jovens aceitam muitas vezes trabalhos para os quais têm qualificações a mais, mas que isso não se traduz numa elevada taxa de jovens a aceitar empregos para os quais tenham competências a mais.