Dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que, só no primeiro trimestre deste ano, existiam mais de 307 mil portugueses a trabalhar mais de 50 horas por semana, o que significa que são mais 68,4 mil pessoas a dedicar tanto tempo ao trabalho do que aquelas que o faziam em 2010.
Mas o aumento não se fica por aqui. O número de pessoas que trabalha mais de 40 horas todas as semanas subiu de 823 mil em 2010 para 976,1 mil este ano, o que significa que em três anos mais 153 mil pessoas se viram obrigadas a alargar o horário de trabalho.
Estes aumentos contrastam com as descidas verificadas nos intervalos de 1h a 30h de trabalho semanais e de 31h a 40h. No primeiro caso, registou-se um decréscimo de 32,2 mil pessoas para 585 mil. No segundo, a redução atinge 2,59 milhões de pessoas, menos 828 mil que nos primeiros três meses de 2010.
Estes números têm de ser analisados à luz do actual panorama do mercado de trabalho português. O número de postos de trabalho tem vindo a diminuir e o desemprego a aumentar, o que leva a um aumento da carga horária para aqueles que ainda conservam o seu emprego.
De acordo com o i, os poucos portugueses que têm trabalho – recorde-se que a taxa de desemprego atinge 17,7% da população – ganham cada vez menos e trabalham cada vez mais horas. Quanto ao valor médio do salário, em 2010 os portugueses ganhavam menos 900 euros mensais que a média dos trabalhadores europeus. Actualmente, o declive é ainda maior.